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As Imagens de 1988 do Arco de Lowitz

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observatory_150105Robert Gorkin meticulosamente registrou esse halo de gelo em Dover, Delaware, EUA, na terça-feira, dia 22 de Novembro de 1988 entre as 13:15 e as 14:00 hora local. Acima é mostrada uma das 24 imagens registradas em dois rolos de filme. É isso aí, filme mesmo, naquela época as tais câmeras digitais não existiam ainda e eram um futuro distante.

Suas imagens são provavelmente uma das primeiras conhecidas e publicadas que mostram os Arcos de Lowitz.

Os arcos de Lowitz têm gerado mais controvérsia do que qualquer outro halo. Um arco foi desenhado pela primeira vez por Tobias Lowitz em St. Petersburgo em 1790. Subsequentemente a isso os sinais foram muito esparsos. A ausência de fotógrafos, mesmo de locais considerados soberbos para a observação de halos como o Ártico e a Antártica, levaram a sérias dúvidas sobre a sua existência até além dos anos de 1990.

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Essa ausência de imagens reais não parou com a investigação teórica sobre os arcos de Lowitz. Foi estabelecido que eles poderiam se formar por cristais em forma de prato com um eixo de rotação paralelo à face maior do hexágono. Em 1979 Mueller, Greenler e Mallmann usou a nova ferramenta, chamada de computador na época, para traçar os raios e prever que os cristais com um Eixo de Lowitz que passavam através da diagonal do cristal poderiam produzir três tipos de Arcos de Lowitz, um superior, um inferior e um intermediário. As imagens de Gorkin em 1988 são talvez as primeiras que mostram todos esses raios, embora o arco intermediário seja, quase sempre mais elusivo.

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Na imagem principal desse post, o Arco Inferior de Lowitz, na verdade o único registrado pelo próprio Lowitz, se estica do parélio em direção ao halo de 22º. Um arco mais apagado se estende para cima para o halo de 22º, esse é o previsto arco superior. Em locais onde os dois arcos sobrepõem o halo de 22º e a sua presença, como aqui, é bem provavelmente melhor indicado pela fraqueza do halo de 22º oposto ao parélio.

Existe também a possibilidade da presença de um terceiro Arco de Lowitz como previsto. Esse seria o arco intermediário se estendendo quase que na vertical através do parélio. Ele é um pouco mais evidente no empilhamento das três imagens.

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Quando o Sol está a menos de 30º de altura, o melhor local para procurar um arco superior de Lowitz é acima do halo de 22º ao invés de perto do parélio. Aqui, ele cruza o arco tangente superior e torna-se tangente ao Arco de Parry. As imagens de Gorkin abaixo mostram claramente. Eles também mostram os arcos perto de cada parélio.

Um programa de computador chamado de HaloSim traçou os raios para um Sol com 27º de altura sobreposto por três imagens empilhadas.

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Os cristais de Lowtiz simulados foram pratos hexagonais regulares com a clássica orientação de Lowitz, ou seja, posições rotacionais completas de 360º sobre o eixo de Lowitz.  As placas eram espessas para mostrar o arco intermediário de Lowitz. O alto e brilhante parélio de 120º (a imagem inferior) sugere a espessura e o aspecto triangular dos discos.

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Fonte:

http://atoptics.co.uk/fz865.htm#

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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