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Artigos Detalham Pistas Encontradas Pelo Rover Curiosity Sobre a Antiga Atmosfera de Marte

PIA16178

observatory_15010585Um par de novos artigos reportam as medidas feitas da composição da atmosfera marciana pelo rover Curiosity da NASA, fornecendo evidências sobre a perda da maior parte da atmosfera original de Marte.

A suíte de equipamentos Sample Analysis at Mars do Curiosity, ou SAM, que fica dentro do rover mediu as abundâncias dos diferentes gases e dos diferentes isótopos em poucas amostras da atmosfera marciana. Isótopos são variantes do mesmo elemento químico com diferentes pesos atômicos devido ao fato de terem diferentes números de nêutrons, isso é que acontece, por exemplo, com o carbono, que possui os isótopos carbono-12 e carbono-13, além do carbono-14 que é usado em datações geológicas.

O SAM conferiu as razões dos isótopos mais leves e mais pesados do carbono e do oxigênio no dióxido de carbono que constitui a maior parte da atmosfera do planeta. Isótopos pesados do carbono e do oxigênio são ambos enriquecidos na fina atmosfera marciana se comparado com as proporções no material bruto que formou Marte, como se pôde deduzir das proporções no Sol e em outras partes do Sistema Solar. Isso fornece não somente uma evidência forte para a perda da maior parte da atmosfera original do planeta, mas também uma pista sobre como essa perda aconteceu.

“À medida que a atmosfera foi perdida, a assinatura do processo foi embebida na razão isotópica”, disse Paul Mahaffy, do Goddard Space Flight Center da NASA em Greenbelt, Md. Ele é o principal pesquisador para o SAM e o principal autor de um dos dois artigos sobre os resultados do Curiosity que foram publicados na edição de 19 de Julho de 2013 da revista Science.

Outros fatores também sugerem que Marte uma vez teve uma atmosfera muito mais espessa, como a evidência da persistente presença de água líquida na superfície do planeta muito tempo atrás, mesmo apesar da atmosfera ser muito rarefeita para a água líquida persistir na superfície até hoje. O enriquecimento do isótopos mais pesados medidos no gás dióxido de carbono dominante aponta para um processo de perda a partir do topo da atmosfera – favorecendo a perda de isótopos mais leves – mais do que um processo na atmosfera inferior interagindo com o solo.

O rover Curiosity mediu o mesmo padrão em isótopos de hidrogênio, bem como de carbono e oxigênio, consistente com uma perda substancial de uma fração da atmosfera original de Marte. O enriquecimento nos isótopos mais pesados na atmosfera marciana tinham sido previamente medidos em Marte e em bolhas de gás dentro de meteoritos vindos de Marte. As medidas de meteoritos indicam que muita da perda atmosférica pode ter ocorrido durante o primeiro bilhão de anos da história de 4.6 bilhões de anos do planeta. As medidas feitas pelo Curiosity e reportadas essa semana fornecem as medidas mais precisas se comparadas com os estudos dos meteoritos e com qualquer outro modelo de perdas atmosféricas.

As medidas do Curiosity não medem diretamente a atual taxa de escape atmosférico, mas a próxima missão da NASA a Marte, a Mars Atmosphere and Volatile Evolution Mission (MAVEN) o fará. “A atual taxa de perda é exatamente o que a missão MAVEN agora programada para ser lançada em Novembro está desenhada para determinar”, disse Mahaffy.

Os novos artigos descrevem análises de amostras da atmosfera marciana com dois diferentes instrumentos do SAM durante as 16 semanas iniciais da missão do rover em Marte, que está agora na sua semana de número 50. O espectrômetro de massa do SAM e o espectrômetro de laser ajustável mediram de forma independente razões virtualmente idênticas do carbono-13 e do carbono-12. O SAM também possui um cromatógrafo e usa todos os três instrumentos para analisar as rochas, o solo, e a atmosfera.

“Obter os mesmos resultados com duas técnicas diferentes aumenta a nossa confiança de que não exista nenhum erro sistemático desconhecido sob as medidas”, disse Chris Webster, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, na Califórnia. Ele é o principal cientista para o espectrômetro de laser ajustável e o principal autor de um dos dois artigos. “A precisão nessas novas medidas melhora a base para o entendimento sobre a história da atmosfera”.

O Curiosity pousou dentro da Cratera Gale em Marte, em 6 de Agosto de 2012. O rover esse mÊs começou sua caminhada de muitos meses a partir de uma área onde ele encontrou evidências para um ambiente passado favorável ao desenvolvimento da vida microbiana, em direção ao Monte Sharp e suas camadas, onde os pesquisadores procurarão por evidências sobre como o ambiente se modificou.

Mais informação sobre o Curiosity pode ser encontrada online, em: http://www.jpl.nasa.gov/msl , http://www.nasa.gov/msl e http://mars.jpl.nasa.gov/msl/ .

Você pode seguir a missão pelo Facebook em: http://www.facebook.com/marscuriosity e no Twitter em http://www.twitter.com/marscuriosity .

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?release=2013-226

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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