Alan Stern, já ouviram esse nome recentemente? Bem, se você vive na superfície do planeta Terra, sabe que ele é o principal pesquisador envolvido na missão New Horizons. Ele planejou, idealizou e executou todo o projeto, liderando uma equipe enorme de cientistas. Seu projeto de vida que começou a 26 anos atrás, teve seu ápice no dia 14 de Julho de 2015, quando a sonda New Horizons passou bem perto da superfície de Plutão e fez descobertas espetaculares, isso considerando que só tivemos acesso a 5% dos dados obtidos pela sonda.
O Alan Stern, escreve para uma das revistas mais importantes de astronomia no mundo, a Sky and Telescope, se você não conhece, está na hora de conhecer, visite o site da revista: http://www.skyandtelescope.com/.
No último dia 31 de Julho de 2015, o Alan Stern escreveu um texto muito interessante, onde ele descreve o que eles encontraram em Plutão. Eu traduzi o texto e trago para vocês.
Exatamente 50 anos depois que a sonda Mariner 4 se tornou a primeira missão a explorar o planeta Marte, a sonda New Horizons completou a primeira era do reconhecimento planetário, sobrevoando Plutão, no dia 14 de Julho de 2015. Nesse meu último blog aqui na Sky and Telescope, eu gostaria de resumir para vocês as principais descobertas que já fizemos com essa fase inicial de envio de dados da sonda para a Terra.
Sobre Plutão, nós encontramos uma terra das maravilhas, com diversas expressões geológicas, com superfícies jovens e antigas, cadeias de montanhas, planícies de gelo subdivididas em polígonos, geleiras flutuantes, e até mesmo a evidência de que se tenha a possibilidade de encontrar líquidos na sua subsuperfície. As montanhas de Plutão necessitam de um material resistente para sobreviver, e não serem destruídas com o passar do tempo, indicando que a crosta de Plutão é provavelmente composta de gelo de água, ao invés de uma camada profunda de nitrogênio líquido, que é maleável e pouco resistente para formar montanhas de vida longa.
Nós também descobrimos que Plutão é maior, com 2374 km de diâmetro, do que pensávamos anteriormente. Esse tamanho bem determinado, combinado com a sua massa já bem conhecida, significa que a densidade de Plutão é menor do que pensávamos. Assim, a fração de gelo é maior, 35% ou 40% e a sua fração de rocha menor, 60% ou talvez 65%.
Além disso, sua t6enue atmosfera tem uma pressão na base de menos de 10 microbars (cerca de metade daquela prevista por medidas realizadas da Terra anteriormente), e contém névoas bem distribuídas, com algumas novas espécies moleculares como acetileno e etileno.
Sobre Caronte, nós até agora não descobrimos evidências sobre uma atmosfera – apesar do veredito final depender de dados que ainda não foram enviados para a Terra. Nós também descobrimos uma história geológica mais complexa do que tínhamos antecipado.
A maioria de nós esperava que Caronte fosse mais do que uma bola de água, gelo e crateras. De fato, nós encontramos cadeias tectônicas, desfiladeiros, e montanhas, juntamente com uma estranha região de coloração vermelha escura cobrindo sua região polar norte.
A equipe de ciência da New Horizons está agora trabalhando para mapear ambos os corpos e se preparando para submeter formalmente os nomes para específicas feições superficiais para a União Astronômica Internacional. Nós nomeamos informalmente, determinadas feições, e submetemos junto com a NASA para a campanha OurPluto, para que o público ajude a decidir os nomes.
Com relação ao pequenos satélites de Plutão, nós aprendemos sobre o tamanho exato de Nix, 35 km de diâmetro, e Hydra, 41 km e diâmetro, e conseguimos pela primeira vez revelar variações de brilho e cor nas suas superfícies. Nós descobrimos que seus albedos (a refletividade) são maiores do que se esperava anteriormente – isso indica quase que com certeza que ambos são cobertos de gelo.
O mais surpreendente para mim sobre os pequenos satélites de Plutão, é que apesar, de ter uma sensibilidade 15 vezes maior do que o próprio Hubble, a sonda New Horizons não encontrou mais nenhum outro satélite. Algumas pessoas na nossa equipe, incluindo eu, esperávamos encontrar outros satélites orbitando Plutão.
O sobrevoo por Plutão e pelo seu sistema de luas está completa, mas mais de 95% dos dados desse reconhecimento ainda estão a bordo da sonda, esperando para serem baixados para a Terra. Levarão 16 meses para podermos obter todos os dados, ou seja, algo que vai durar até a primavera de 2016. Assim, podemos esperar muito mais descobertas nos meses que seguem. A New Horizons está nos dando um presente que continuaremos recebendo por muito tempo.
Fonte:
http://www.skyandtelescope.com/astronomy-news/alan-stern-what-we-found-at-pluto-073120154/