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A Sublimação do Metano em Plutão

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Os cientistas da sonda New Horizons, não param de trabalhar e a sonda não para de enviar dados para a Terra. Numa das últimas imagens enviadas e analisadas, na parte final do hemisfério oeste de Plutão os pesquisadores descobriram uma feição que lembra uma mordida gigante na superfície do planeta anão. Eles suspeitam que essa feição seja causada por um processo conhecido como sublimação – a transição de uma substância, diretamente do estado sólido para o gasoso. A superfície de Plutão com gelo rico em metano, pode ter sublimado para a atmosfera, expondo assim uma camada de gelo de água subjacente.

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Nessa imagem, o norte está para cima. A porção sul da imagem detalhada mostra o platô repleto de crateras informalmente conhecido como Vega Terra. Uma escarpa, ou uma parede de desfiladeiros, conhecida como Piri Rupes  marca a borda da jovem e quase livre de crateras Piri Planitia. Os desfiladeiros se partem em mesas isoladas em alguns lugares.

Cortando a região diagonalmente está uma longa falha extensional conhecida como Inanna Fossa, que se estica por cerca de 600 quilômetros, dessa região até a borda oeste da grande planície de gelo de nitrogênio Sputnik Planum.

Dados composicionais obtidos pelo instrumento Ralph/Linear Etalon Imaging Spectral Array (LEISA), mostrado na parte direita da imagem, indica que o platô ao sul de Piri Rupes é rico em gelo de metano, mostrado em roxo na imagem. Os cientistas especulam que a sublimação do metano pode ter feito com que o material do platô fosse erodido ao  longo da face dos desfiladeiros, fazendo com que eles se retraíssem para o sul e deixassem para trás a Piri Planitia.

Os dados composicionais mostram que a superfície da Piri Planitia é mais enriquecida com gelo de água (mostrado em azul) do que o platô mais alto, o que pode indicar que a superfície de Piri Planitia, é feita de um embasamento de gelo de água, logo abaixo de uma camada de gelo de metano. Pelo fato da superfície de Plutão ser muito fria, o gelo de água é como se fosse uma rocha, imóvel. O padrão alternado escuro e claro observado na Piri Planitia é refletido no mapa composicional, com as áreas mais claras correspondendo a áreas mais ricas em metano, esse pode ser um metano remanescente que ainda não sublimou inteiramente.

A imagem detalhada tem uma resolução de 200 metros por pixel, e mede aproximadamente 450 quilômetros de comprimento por 410 quilômetros de largura. Ela foi obtida pela sonda New Horizons, no dia 14 de Julho de 2015, a aproximadamente 33900 quilômetros de Plutão, cerca de 45 minutos antes da maior aproximação da sonda com o planeta anão.

Os dados do instrumento LEISA na direita, foram obtidos a 47000 quilômetros de distância de Plutão com uma resolução de 2.7 quilômetros por pixel.

Fonte:

http://www.nasa.gov/feature/what-s-eating-at-pluto

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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