fbpx
24 de novembro de 2024

A Sortuda Observação de Uma Enigmática Nuvem

A pouco conhecida nebulosa IRAS 05437+2502 se destaca entre as brilhantes estrelas e nuvens escuras de poeira que envolve essa impressionante imagem feita pelo Telescópio Espacial Hubble. Ela está localizada na constelação de Taurus, o touro, perto do plano central da Via Láctea. Diferente de muitos alvos já fotografados pelo Hubble, esse objeto não tem sido estudado em detalha e a sua natureza exata é incerta. Numa primeira olhada ela parece ser uma pequena e isolada, região de formação de estrelas e pode-se assumir que o efeito da violenta radiação ultravioleta das jovens estrelas brilhantes provavelmente foi a causa das interessantes formas tomadas pelo gás. Contudo, a brilhante feição em forma de bumerangue pode nos dizer algo ainda mais dramático. A interação da estrela jovem de alta velocidade e da nuvem de gás e poeira pode ter criado esse arco brilhante com forma muito bem definida. Essa estrela pode ter sido ejetada de um distante aglomerado jovem onde ela nasceu e estaria viajando a uma velocidade de 200000 km/h ou mais, através da nebulosa.

Essa apagada nuvem foi originalmente descoberta em 1983 pelo Infrared Astronomical Satellite (IRAS), o primeiro telescópio espacial a pesquisar todo o céu no comprimento de onda do infravermelho. O IRAS foi operado pelos EUA, pela Holanda e pelo Reino Unido e encontrou um grande número de objetos que eram invisíveis do solo com os instrumentos que somente captam a luz na parte visível do espectro.

Essa imagem foi feita com o Wide Field Channel da Advanced Camera for Surveys do Hubble. Essa imagem é parte de uma chamada pesquisa snapshot. Essas são listas de observações que são ajustadas ao ocupadíssimo calendário do Hubble e que são feitas quando possíveis, sem qualquer garantia de que a observação será mesmo realizada, então ela depende realmente da sorte para ser feita. Essa imagem foi criada a partir de imagens feitas através do filtro amarelo, o F606W, e o filtro de infravermelho próximo, o F814W. Os tempos de exposição foram de aproximadamente onze minutos por filtro e o campo de visão é de aproximadamente 100 arcos de segundos de diâmetro

Fonte:

http://www.spacetelescope.org/images/potw1008a/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

Veja todos os posts

Arquivo