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A Simulação De Supernova Que Levou 5 Milhões de Horas

Quando as estrelas mais massivas do universo esgotam seu combustível, elas explodem em supernovas. Estas poderosas explosões podem resultar em estrelas de nêutrons, buracos negros ou até mesmo em uma completa vaporização. A compreensão deste processo explosivo é um desafio, especialmente quando se trata de supernovas exóticas, as mais raras e brilhantes explosões estelares.

Para aprofundar o entendimento sobre as dinâmicas destas raras supernovas, astrônomos têm utilizado supercomputadores para simular o processo. Após anos de pesquisa e milhões de horas de processamento computacional, foi concluída a primeira simulação hidrodinâmica em 3D e alta definição de uma supernova exótica. Este marco foi liderado por Ke-Jung Chen do Instituto de Astronomia e Astrofísica da Academia Sinica (ASIAA) em Taiwan. Ele colaborou com equipes internacionais e utilizou supercomputadores no Laboratório Nacional Lawrence Berkeley e no Observatório Astronômico Nacional do Japão. Os resultados deste estudo inovador foram publicados no renomado “The Astrophysical Journal”.

Supernovas são explosões brilhantes e poderosas que marcam o fim da vida de estrelas massivas. Os astrônomos já possuem uma compreensão relativamente abrangente destas explosões. Por exemplo, para a maioria das supernovas, seu brilho intrínseco é bem conhecido e modelos computacionais foram desenvolvidos para simular o que ocorre durante uma explosão de supernova. No entanto, observações recentes revelaram tipos raros de explosões cósmicas. Algumas destas são dezenas a centenas de vezes mais luminosas do que supernovas comuns, enquanto outras duram períodos extremamente longos. Estes eventos raros, denominados supernovas exóticas, desafiam e reformulam o entendimento previamente estabelecido da física das supernovas.

As supernovas superluminosas, por exemplo, são cerca de 100 vezes mais brilhantes que as supernovas regulares. Enquanto as supernovas comuns mantêm seu brilho por algumas semanas a meses, as eternamente luminosas podem manter seu brilho por vários anos ou até mais. Algumas supernovas exóticas apresentam variações irregulares e intermitentes em seu brilho. Acredita-se que as candidatas a gerar supernovas exóticas sejam estrelas com massas que variam de 80 a 140 vezes a massa do Sol. Estudar essas supernovas peculiares pode ser a chave para entender a evolução das estrelas mais massivas do universo.

No entanto, modelar o que acontece durante essas explosões massivas é uma tarefa complexa. Em seu artigo, Ke-Jung Chen e sua equipe destacaram que os modelos atuais foram principalmente confinados a simulações unidimensionais. Com o uso de simulações avançadas em supercomputadores e milhões de horas de tempo de computação, os pesquisadores conseguiram modelar como as estruturas turbulentas no interior de uma explosão de supernova exótica impactam o brilho e a estrutura da explosão.

A turbulência desempenha um papel crítico no processo de uma explosão de supernova. Resultando de movimentos fluidos irregulares, leva a dinâmicas complexas. Estas estruturas turbulentas misturam e distorcem a matéria, influenciando a liberação e transferência de energia, afetando assim o brilho e a aparência da supernova. A equipe reconhece que mais pesquisas são necessárias para entender completamente as supernovas exóticas. Projetos de pesquisa de supernovas de próxima geração provavelmente detectarão mais desses eventos raros. O Telescópio Vera Rubin no Chile, por exemplo, deve descobrir milhões de supernovas em sua década de pesquisa. Missões como o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman e o Euclid também revelarão mais sobre esses eventos. A simulação e modelagem computacional avançada ajudarão a aprimorar nosso entendimento sobre a morte de estrelas extremamente massivas.

Em conclusão, o estudo das supernovas, especialmente das exóticas, é fundamental para a astrofísica. Elas oferecem insights valiosos sobre a evolução estelar e os eventos cósmicos. A pesquisa de Ke-Jung Chen e sua equipe é um testemunho do poder da colaboração e da inovação tecnológica. À medida que continuamos a explorar o universo, cada descoberta nos aproxima de desvendar seus mistérios mais profundos.

FONTE:

https://www.universetoday.com/163321/this-3d-simulation-of-a-supernova-needed-5-million-hours-of-supercomputing/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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