Enquanto está observando a famosa Micro Onda Cósmica de Fundo, conhecida como CMB, o Planck também mede outra importante e difusa radiação: a Infravermelha Cósmica de Fundo, ou do inglês (CIB). Essa radiação é emitida pelas galáxias no início do universo, mas é algo tão distante que elas se misturam quando observadas pelo Planck. Não é um borrão completamente uniforme, existem regiões mais frias e mais quentes, correspondendo às variações nos grupos de galáxias que formavam o começo do universo.
A CIB, que é 50 vezes mais fraca que a CMB, é produzida pela poeira dentro das galáxias distantes, que é aquecida pelas estrelas que estão ali se formando. A luz dessas galáxias viaja por bilhões de anos e algumas das galáxias são vistas como elas eram quando o universo tinha somente 2 bilhões de anos de vida – ou seja a mais de 11 bilhões de anos atrás. Como elas não podem ser estudadas individualmente, a CIB representa uma excepcional ferramenta para estudar esses objetos e então traçar sua distribuição geral no universo.
“Graças a cobertura espectral do Planck, nós somos capazes de detectar o sinal da CIB e suas flutuações com grande precisão na região submilimétrica do espectro, frequências onde nunca tinha se observado antes”, comentou Jean-Loup Puget do Institut d’Astrophysique Spatiale em Orsay na França, que é o principal pesquisador do High Frequency Instrument (HFI) instrumento a bordo do Planck e que foi usado nesse estudo. “A qualidade dos dados coletados pelo Planck é tão boa que nas frequências maiores é possível registrar flutuações só de observar com os olhos”, disse ele.
A CIB tem sido vista antes nos comprimentos de onda submilimétricos e está sendo detectado pelos canais de mais alta frequência do Planck. Agora, a CIB tem sido vista em frequências menores (comprimentos de onda maiores) pelos detectores de 217 GHz do Planck. Esses comprimentos de onda maiores tendem a ver os primeiros objetos do universo. Joanna Dunkley, da University of Oxford, disse, “As medidas feitas pelo Planck da Infravermelha Cósmica de Fundo estão trazendo novas visões sobre quando e onde as antigas estrelas se formaram no início do universo”.
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“Esse projeto foi focado na CIB e é um grande exemplo de cooperação entre pesquisadores estudando galáxias e que são interessados na CMB, desde que os métodos e as especialidades tem sido compartilhadas entre os dois grupos”, adiciona Olivier Doré, co-líder desse estudo do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e do Caltech em Pasadena na Califórnia. Essa é um notável vantagem da grande rede de Colaboração do Planck, permitindo que uma sinergia frutífera entre muitas comunidades astrofísicas ocorra.
Com o objetivo de realizar essas primeiras medidas da CIB, os astrônomos do Planck Collaboration empregaram somente 2.5 por cento de todo o céu, com o foco em um número contável de campos localizados na alta latitude galáctica, onde a contaminação do primeiro plano devido a emissão difusa da Via Láctea é menos dramática. Os resultados impressionantes realizados são uma pista animadora do que se pode esperar quando medidas mais precisas forem feitas de todo o céu. “Uma das características únicas do Planck é a habilidade de revelar as flutuações no CIB em escalas gigantescas, uma fonte de valiosa informação na luta para se revelar a completa história das estrelas e da estrutura de formação do universo”, conclui Jan Tauber, cientista de projeto do Planck.
Fonte:
http://planck.cf.ac.uk/results/cosmic-infrared-background