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A Pluma de Cinzas do Vulcão Puyehue-Cordón Caulle do Chile

No dia 4 de Junho de 2011, o vulcão Puyehue-Cordón Caulle no Chile experimentou sua maior explosão em décadas. O vulcão enviou uma pluma de cinzas na direção leste, pluma essa que causou sérios problemas ao tráfego aéreo na parte sul da América do Sul, incluindo o Brasil, além disso as cinzas ameaçam os reservatórios de água e lançam pedras pomes do tamanho de bolas de golfe em partes da Argentina. Desde o início, a pluma de cinzas vulcânica superou em altura as nuvens locais.

A imagem superior é uma cena noturna adquirida pelo instrumento Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS) que viaja a bordo do satélite Aqua da NASA. Essa imagem em cores falsas foi feita a partir de observações na luz infravermelha. A imagem está rotacionada com o norte apontando para a direita.

Na imagem do MODIS pode-se observar uma linha amarela cruzando toda a imagem, essa linha corresponde ao perfil vertical da atmosfera que é mostrado no gráfico abaixo da imagem. O perfil atmosférico foi adquirido pelo Cloud-Aerosol Lidar and Infrared Pathfinder Satellite Observations (CALIPSO), uma missão conjunta entre a NASA e o Centre National d’Etudes Spatiales da França, o CNES. O CALIPSO carrega um laser, chamado de LIDAR que envia rápidos pulsos de luz através da atmosfera e os seus receptores detectam a luz que retorna que é refletida pelas nuvens e pelas partículas atmosféricas. A intensidade do sinal que retorna ilumina as características das nuvens e das partículas.

No perfil do LIDAR, a pluma vulcânica nasce bem acima das nuvens para o norte, a uma altura de aproximadamente 15 km. Nas latitudes intermediárias, a base da estratosfera da Terra começa por volta dos 10 km acima da superfície. Ventos estratosféricos possuem uma forte tendência de levar o material para leste, assim, as cinzas resultantes da erupção vulcânica podem viajar grandes distâncias, perturbando o tráfego aéreo em vários países.

A cinza vulcânica é bem diferente da cinza proveniente de incêndios ordinários, que é macia e flocosa. A cinza vulcânica é feita de pequenas partículas de rocha e vidro que são muito abrasivas e pouco corrosivas, e podem além disso conduzir eletricidade quando umedecidas. As cinzas vulcânicas podem irritar o sistema respiratório, cobrir a vegetação e destruir determinadas máquinas. No caso de aviões, a cinza vulcânica pode entrar nas turbinas e levar as aeronaves atingidas à queda.

Devido aos perigos que as cinzas vulcânicas podem trazer aos aviões, as erupções normalmente perturbam o tráfego aéreo. No caso da erupção do Puyehue-Cordón Caulle, não foi uma exceção. O tráfego aéreo da Argentina, Uruguai e sul do Brasil está caótico pelo menos até hoje (14 de Junho de 2011), além disso já existem relatos de que devido a erupção do vulcão no Chile o tráfego aéreo na Austrália e na Nova Zelândia também estão sofrendo as consequências.

Fonte:

http://earthobservatory.nasa.gov/IOTD/view.php?id=50954

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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