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25 de novembro de 2024

A ONDA DA VIA LÁCTEA – SPACE TODAY TV EP2412

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Quando alguém fala para você da Via Láctea, ou de uma galáxia espiral, a imagem que forma na sua cabeça imediatamente é de um disco, plano, com braços espirais espalhados.

Tudo isso girando ao redor de um núcleo.

Mas a realidade, como sempre, é bem mais complicada do que parece.

Na verdade, a galáxia, já tem um halo de matéria escura ao seu redor que já poderia tirar de qualuqer um essa visão de um disco achatado.

Ah, tudo bem, é algo extremamente tênue, ninguém vê direito, tem pouca estrela e uma grande quantidade de matéria escura, mas faz parte da galáxia.

Mas nem é disso que estou falando.

Os astrônomos sabem de longa data, que os discos das galáxias espirais podem ter uma torção, lembram muito uma ruffles vista de lado.

De acordo com os estudos que são feitos, essa torção está presente em cerca de 50 a 70% das galáxias espirais conhecidas, incluindo a Via Láctea.

Óbvio que é complicado de ver essa torção, pois como já falei aqui algumas vezes, nós estamos bem dentro da Via Láctea, e algumas características dela são bem difíceis de serem definidas.

Mas essa torção aí, é bem mais complicada do que parece também.

Os astrônomos descobriram agora, que o que temos é uma grande onda, que viaja pela galáxia, a cada 440 milhões de anos.

Sabe a Hola, nos estádios de futebol, é exatamente a mesma coisa.

Agora imagine você ali no meio do público, como você vê a hola acontecendo? Quando você vê um grande número de pessoas do outro lado subindo e descendo, certo?

Então os pesquisadores fizeram a mesma coisa para descobrir essa onda.

Eles usaram um espectrógrafo de alta precisão localizado no Apache Point Observatory Galactic Evollution Experiment, ou APOGEE que pertence ao grande projeto conhecido como Sloan Digital Sky Survey, ou SDSS.

Em 10 anos de trabalho o APOGEE observou centenas de milhares de estrela, medindo o espectro.

Com o espectro foi possível estudar a química das estrelas e separar as estrelas entendendo melhor a torção do disco.

Mas aí entrou no estudo a missão Gaia da ESA, que mediu com precisão propriedade de milhões de estrelas.

Combinando os dados do APOGEE com os da missão Gaia, a equipe foi capaz de criar um mapa tridimensional das estrelas na Via Láctea.

E com isso foi possível ver o outro lado do estádio, ou melhor da galáxia.

Quando eles fizeram isso, eles conseguiram detectar a onda viajando pela galáxia, fazendo com que estrelas individuais subissem e descessem assim como os torcedores na hola.

O estudo ainda mediu a velocidade da onda e a sua extensão.

Como surgiu essa onda?

A melhor explicação para isso é que a cerca de 3 bilhões de anos atrás uma galáxia passou perto da Via Láctea, cirou uma vibração gravitacional e essa vibração causou a onda da via Láctea.

Isso só mostra o quão dinâmico é todo o ambiente galáctico e o quão conturbada é toda a história da Via Láctea.

Agora imagina o que vai acontecer quando daqui uns 5 bilhões de anos, a Via Láctea se encontrar com Andrômeda,!!!

E aí, que tal surfar a onda da Via Láctea?

Fontes:

https://www.sdss.org/press-releases/the-milky-way-does-the-wave/

#MILKWAY #WAVE #SPACETODAY

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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