Grande parte dos observadores do céu noturno reconhece a Nebulosa de Orion, um dos berçários estelares mais próximos da Terra. Embora ela se apresente de forma extraordinária em telescópios pequenos, a Nebulosa de Orion está longe de ser a região de formação de estrelas mais prolífica na nossa galáxia. Essa distinta característica pode pertencer a um dos mais dramáticos berçários estelares como a Nebulosa da Pata de Gato, também conhecida como NGC 6334, que está experimentando um verdadeiro baby boom de estrelas.
“A NGC 6334 está formando estrelas numa taxa muito mais rápida do que em Orion – tão rápida que ela parece estar passando o que pode ser chamada de uma verdadeira explosão de formação de estrelas”, disse a principal autora de um estudo Sarah Willis, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, ou CfA e da Universidade de Iowa. “Isso lembra uma mini explosão de estrelas, similar mas em escala menor às espetaculares explosões de formação de estrelas identificadas em algumas galáxias”.
Willis apresentou esse novo estudo da NGC 6334 na conferência da Sociedade Astronômica Americana.
A NGC 6334 é um reino de extremos. A nebulosa contém aproximadamente 200000 sóis em material que está se aglutinando para formar novas estrelas, algumas delas com massas entre 30 e 40 vezes a massa do Sol. Ela abriga dezenas de milhares de estrelas recém-formadas, mais de 2000 delas são extremamente jovens e ainda estão aprisionadas em seus casulos empoeirados. A maior parte dessas estrelas está se formando em aglomerados onde as estrelas são espaçadas de uma distância equivalente a algo em torno de mil vezes mais próximo do que o Sol está da sua estrela mais próxima.
A causa do baby boom na NGC 6334 não é clara. Dois processos normalmente sugerem o início de explosões de formação de estrelas, ou ondas de uma explosão próxima de supernova, ou colisões de nuvens moleculares que ocorrem quando galáxias se fundem. Nenhuma dessas opções é o caso aqui.
Esse mistério é uma das razões pelas quais os astrônomos estão interessados na NGC 6334. A rápida formação de estrelas é normalmente vista em galáxias luminosas de explosão de estrelas (como as Galáxias Antenas, por exemplo). Pelo fato da NGC 6334 ser próxima, os astrônomos podem pesquisa-la em detalhe muito maior, até mesmo contando o número de estrelas individuais dos vários tipos e idades.
As explosões de estrelas também iluminam as galáxias do início do universo, fazendo com que elas brilhem o suficiente para serem estudadas. Os processos que produzem essas distantes explosões são igualmente misteriosos e até mesmo mais complicados de serem estudados em detalhe pois os objetos são muito pequenos e apagados.
“Galáxias jovens no início do universo são pequenas nuvens de luz nos nossos telescópios, e nós só podemos estudar os processos coletivos na galáxia como um todo. Aqui na NGC 6334, nós podemos contar as estrelas individualmente”, explicou o co-autor do trabalho Howard Smith do CfA.
A região foi observada com o Telescópio Espacial Spitzer e com o Telescópio Blanco no Observatório Inter-Americano de Cerro Tololo no Chile. “Tanto as observações espaciais como as feitas da Terra foram necessárias para identificar as estrelas jovens”, disse Lori Allen (National Optical Astronomy Observatory), o principal pesquisador envolvido nas observações.
As explosões de estrelas na NGC 6334 começaram relativamente recentemente e durarão por somente poucos milhões de anos – um piscar de olhos na escala de tempo cósmica.
“Nós temos sorte, não somente, pois esse objeto está próximo de nós, mas também por estarmos registrando as explosões de estrelas no momento em que elas acontecem”, disse Willis.
No futuro, a NGC 6334 se parecerá como múltiplos aglomerados estelares das Plêiades, cada um deles preenchido com milhares de estrelas. Infelizmente, eles não aparecerão de forma impressionante no céu como as Plêiades, pois eles estarão dez vezes mais distantes, a aproximadamente 5500 anos-luz, e a localização no plano galáctico obscurece a região localizada atrás de uma grande nuvem de poeira.
A NGC 6334, na constelação de Scorpius, se espalha por 50 anos-luz e cobre no céu uma área um pouco maior do que a área ocupada pela Lua Cheia.
Com a sede em Cambridge, Mass., o Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA) é uma colaboração entre o Smithsonian Astrophysical Observatory e o Harvard College Observatory. Os cientistas do CfA, estão organizados em seis divisões de pesquisa, estudando a origem, a evolução e o destino final do nosso universo.
Fonte:
http://www.cfa.harvard.edu/news/2013/pr201315.html