fbpx
16 de novembro de 2024

A Nebulosa da Formiga

Quando observada de telescópios na Terra, a então chamada Nebulosa da Formiga (Menzel 3 ou Mz 3) lembra a cabeça e o tórax de uma variedade de formiga. Já quando observada com o Hubble por exemplo, uma imagem como essa mostra 10 vezes mais detalhe, revelando o corpo da formiga como sendo um par de lobos incandescentes produzidos por uma estrela parecida com o Sol que está morrendo.

A imagem do Hubble diretamente desafia velhas idéias sobre os últimos estágios de vida das estrelas. Através da observação de estrelas como o Sol à medida que elas se aproximam de sua morte, a imagem do Hubble Heritage do Mz 3 – juntamente com imagens de outras nebulosas planetárias – mostra que o destino do nosso Sol provavelmente será mais interessante, complexo e intrigante do que pensavam os astrônomos há alguns anos atrás.

Apesar de abordar a violência de uma explosão, a ejeção de gás da estrela moribunda no centro da Mz 3 tem uma intrigante simetria diferente do caos que reina nesse tipo de fenômeno. Os cientistas usando o Hubble gostariam de entender como uma estrela esférica pode produzir esse tipo de forma proeminente, com uma simetria não esférica a partir do gás que dela é ejetado.

Uma possibilidade é que a estrela central da Mz 3 tenha uma estrela companheira próxima que exerce forte atração gravitacional, o que então daria forma para o gás que é ejetado da estrela. Para isso funcionar, a estrela companheira teria que ter uma órbita muito próxima da estrela que está morrendo, uma órbita que teria uma distância semelhante à distância que separa a Terra do Sol. É possível que nessa distância a estrela companheira tenha sido engolida pela estrela principal e está agora orbitando internamente.

Uma segunda possibilidade é que à medida que a estrela que está morrendo gira, ela produz fortes campos magnéticos com formas complexas e variadas. Ventos carregados com velocidades superiores a 1000 km/s são soprados pela estrela, na verdade são ventos parecidos com os ventos solares só que milhões de vezes mais denso, de modo que eles são capazes de se dobrar e seguir toda a complexidade das linhas do campo magnético no espaço. Esses ventos densos se tornam então visíveis pela luz ultravioleta emitida pela estrela central quente ou pelas colisões supersônicas com o gás ambiente que excita o material emitindo uma fluorescência.

Nenhuma outra nebulosa planetária observada pelo Hubble se assemelha a Mz 3. A M2-9 poderia até ser parecida mas os jatos emitidos pela Mz 3 são 10 vezes maiores do que aqueles emitidos pela M2-9. De maneira interessante, a estrela muito massiva e jovem, Eta Carinae mostra um padrão de jatos semelhante.

Os astrônomos Bruce Balick (Universidade de Washington) e Vincent Icke (Universidade de Leiden) usaram o Hubble para observar essa nebulosa planetária, Mz 3 em Julho de 1997 com a Wide Field Planetary Camera 2. Um ano depois, os astrônomos Raghvendra Sahai e John Trauger do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena na Califórnia fizeram imagens da Mz 3 usando filtros diferentes. A imagem intrigante que é aqui reproduzida é composta por vários filtros de dois conjuntos de dados diferentes, e foi criada pelo Hubble Heritage Team.

Fonte:

http://spacefellowship.com/news/art22793/picture-of-the-day-the-ant-nebula.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

Veja todos os posts

Arquivo