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A Imagem Comemorativa dos 33 Anos do Hubble No Espaço

Este ano marca o 33º aniversário do lançamento do Telescópio Espacial Hubble, uma parceria entre a NASA e a ESA (Agência Espacial Europeia). Para celebrar essa conquista, os astrônomos presentearam o público com uma imagem espetacular da região próxima de formação de estrelas, NGC 1333. Esta nebulosa faz parte da nuvem molecular de Perseus e está localizada a cerca de 960 anos-luz de distância.

A visão colorida do Hubble, demonstrando sua capacidade única de obter imagens de luz ultravioleta a infravermelho próximo, revela um caldeirão efervescente de gases incandescentes e poeira negra agitados e espalhados por várias centenas de estrelas recém-formadas no interior da nuvem escura. No entanto, o Hubble apenas arranha a superfície; a maior parte do frenesi de formação de estrelas está escondida atrás de nuvens de poeira fina, que são mais espessas na parte inferior da imagem. As áreas escuras da imagem não são espaços vazios, mas preenchidas com poeira obscurecedora.

Para capturar essa imagem, o Hubble observou através de um véu de poeira na borda de uma nuvem gigante de hidrogênio molecular frio, matéria-prima para a formação de novas estrelas e planetas sob a ação constante da gravidade. A imagem destaca o fato de que a formação de estrelas é um processo caótico em um universo agitado.

Vendavais estelares furiosos, provavelmente originários da estrela azul brilhante no topo da imagem, sopram através de uma cortina de poeira. A poeira fina dispersa a luz estelar em comprimentos de onda azuis. Mais abaixo, outra estrela superquente brilha através de filamentos de poeira obscurecedora, lembrando o Sol brilhando através de nuvens dispersas. Uma sequência diagonal de estrelas mais fracas parece avermelhada porque a poeira filtra a luz das estrelas, permitindo a passagem de mais luz vermelha.

A parte inferior da imagem apresenta um vislumbre em formato de fechadura no interior da nebulosa escura. O Hubble captura o brilho avermelhado do hidrogênio ionizado. Parece o final de uma exibição de fogos de artifício, com vários eventos sobrepostos. Isso é causado por jatos finos como lápis disparados por estrelas recém-formadas fora do campo de visão. Essas estrelas estão rodeadas por discos circunstelares, que podem eventualmente produzir sistemas planetários e campos magnéticos poderosos que direcionam dois feixes paralelos de gás quente no espaço profundo, como um sabre de luz duplo dos filmes de ficção científica. Eles esculpem padrões no casulo de hidrogênio, como rastros de luz em um show de laser. Os jatos são o anúncio de nascimento de uma estrela.

Essa visão oferece um exemplo do período em que nosso próprio Sol e planetas se formaram dentro de uma nuvem molecular empoeirada, há 4,6 bilhões de anos. Nosso Sol não se formou isoladamente, mas estava integrado a um ambiente frenético de formação estelar, talvez ainda mais energético e massivo do que o NGC 1333.

O Hubble foi lançado em órbita ao redor da Terra em 25 de abril de 1990 pelos astronautas da NASA a bordo do ônibus espacial Discovery. Até o momento, o lendário telescópio fez aproximadamente 1,6 milhão de observações de quase 52.000 alvos celestes. Esse tesouro de conhecimento sobre o Universo está armazenado para acesso público no Mikulski Archive for Space Telescopes, no Space Telescope Science Institute em Baltimore, Maryland, e no European Hubble Space Telescope (eHST) Science Archive, sediado no Centro Europeu de Astronomia Espacial (ESAC) da ESA em Madrid.

As descobertas do Hubble continuam a inspirar astrônomos e entusiastas do espaço em todo o mundo. As imagens e as informações coletadas por este telescópio têm sido cruciais para a compreensão do nosso Universo e continuam a impulsionar a busca por novos conhecimentos. A cada ano que passa, o Hubble solidifica ainda mais seu legado como uma das conquistas científicas mais importantes e impactantes da história da humanidade.

Ao observar a imagem da NGC 1333 e as outras maravilhas cósmicas que o Hubble revelou ao longo dos anos, somos lembrados das inúmeras possibilidades que o Universo tem a oferecer e do quão pouco realmente sabemos sobre o que está além do nosso próprio quintal cósmico. O Hubble nos proporciona uma visão cada vez mais clara do espaço e do nosso lugar nele, e cada nova descoberta nos aproxima um passo mais perto de desvendar os mistérios do cosmos.

À medida que avançamos na exploração espacial, com telescópios cada vez mais avançados e missões ambiciosas, a herança do Hubble continuará a inspirar as gerações futuras. Que os próximos 33 anos tragam ainda mais descobertas incríveis, expandindo nosso conhecimento e apreciação pelo vasto e belo Universo que nos rodeia.

Fonte:

https://esahubble.org/news/heic2304/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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