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23 de novembro de 2024

A Flamejante Fita Escondida de Órion

Esta nova imagem das nuvens cósmicas na constelação de Órion revela o que parece ser uma fita flamejante no céu. O brilho laranja representa a radiação ténue emitida pelos grãos de poeira fria interestelar, em comprimentos de onda longos demais para poderem ser vistos com o olho humano. Esta imagem foi obtida pelo Atacama Pathfinder Experiment (APEX), operado pelo ESO no Chile. Na imagem o brilho das nuvens de poeira que emitem nos comprimentos de onda do submilímetro encontra-se sobreposto a uma imagem da região obtida na luz visível mais familiar, retirada do Digitized Sky Survey. A enorme nuvem brilhante que se vê na imagem, em cima e à direita, é a conhecida Nebulosa de Órion, também chamada Messier 42. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2
Esta nova imagem das nuvens cósmicas na constelação de Órion revela o que parece ser uma fita flamejante no céu. O brilho laranja representa a radiação ténue emitida pelos grãos de poeira fria interestelar, em comprimentos de onda longos demais para poderem ser vistos com o olho humano. Esta imagem foi obtida pelo Atacama Pathfinder Experiment (APEX), operado pelo ESO no Chile.
Na imagem o brilho das nuvens de poeira que emitem nos comprimentos de onda do submilímetro encontra-se sobreposto a uma imagem da região obtida na luz visível mais familiar, retirada do Digitized Sky Survey. A enorme nuvem brilhante que se vê na imagem, em cima e à direita, é a conhecida Nebulosa de Órion, também chamada Messier 42.
Crédito:
ESO/Digitized Sky Survey 2

observatory_150105Esta nova imagem das nuvens cósmicas na constelação de Órion revela o que parece ser uma fita flamejante no céu. O brilho laranja representa a radiação tênue emitida pelos grãos de poeira fria interestelar, em comprimentos de onda longos demais para poderem ser vistos com o olho humano. Esta imagem foi obtida pelo Atacama Pathfinder Experiment (APEX), operado pelo ESO no Chile.

As nuvens de gás e poeira interestelar são a matéria prima a partir da qual as estrelas se formam. No entanto, estes minúsculos grãos de poeira bloqueiam a nossa visão, não nos permitindo observar além das nuvens – pelo menos nos comprimentos de onda ópticos – o que dificulta a observação dos processos de formação estelar.

Esta é a razão pela qual os astrônomos usam instrumentos que são capazes de “ver” em outros comprimentos de onda. Na região do submilímetro, em vez de bloquear a radiação, os grãos de poeira brilham devido às suas  temperaturas de algumas dezenas de graus acima do zero absoluto [1]. O telescópio APEX com a sua câmera LABOCA, trabalhando nos comprimentos de onda do submilímetro, situado a uma altitude de 5000 metros acima do nível do mar, no planalto do Chajnantor, nos Andes chilenos, é a ferramenta ideal para este tipo de observação.

Este mapa mostra a famosa constelação de Órion, onde estão marcadas a maioria das estrelas visíveis a olho nu sob boas condições de observação. Está também assinalada com um quadrado vermelho, a região que aparece na nova imagem do Atacama Pathfinder Experiment (APEX), telescópio operado pelo ESO no Chile. Crédito: ESO, IAU and Sky & Telescope
Este mapa mostra a famosa constelação de Órion, onde estão marcadas a maioria das estrelas visíveis a olho nu sob boas condições de observação. Está também assinalada com um quadrado vermelho, a região que aparece na nova imagem do Atacama Pathfinder Experiment (APEX), telescópio operado pelo ESO no Chile.
Crédito:
ESO, IAU and Sky & Telescope

Esta imagem espectacular mostra apenas uma parte do complexo maior conhecido como a Nuvem Molecular de Órion, na constelação de Órion. Esta região, que apresenta uma mistura de nebulosas brilhantes, estrelas quentes jovens e nuvens de poeira fria, tem uma dimensão de centenas de anos-luz e situa-se a cerca de 1350 anos-luz de distância da Terra. O brilho emitido pelas nuvens de poeira fria nos comprimentos de onda do submilímetro está marcado a laranja na imagem e encontra-se sobreposto a uma imagem da região obtida na luz visível mais familiar.

A enorme nuvem brilhante que se vê na imagem, em cima e à direita, é a bem conhecida Nebulosa de Órion, também chamada Messier 42. Pode ser vista a olho nu, aparecendo como a ligeiramente tremida “estrela” do meio na espada de Órion. A Nebulosa de Órion é a região mais brilhante de uma enorme maternidade estelar onde novas estrelas estão se formando, sendo também o local mais perto da Terra onde se formam estrelas de grande massa.

As nuvens de poeira formam bonitos filamentos, lençóis e bolhas, como resultado de processos que incluem colapso gravitacional e efeitos de ventos estelares. Estes ventos são correntes de gás ejetado pelas atmosferas estelares, e são suficientemente poderosos para esculpir as nuvens circundantes nas formas convolutas que aqui se podem observar.

Os astrônomos utilizaram estes e outros dados do APEX, assim como imagens do Observatório Espacial Herschel da ESA, para procurar protoestrelas na região de Órion – uma fase inicial da formação estelar. Até agora conseguiram-se identificar 15 objetos que são muito mais brilhantes nos comprimentos de onda longos do que nos curtos. Estes raros objetos recém descobertos estão provavelmente entre as protoestrelas mais jovens encontradas até agora, o que ajuda os astrônomos a aproximarem-se mais do momento em que uma estrela começa a se formar.

Esta imagem de grande angular no óptico mostra a região do céu da famosa constelação de Órion. A conhecida Nebulosa de Órion (Messier 42) é o objeto brilhante que se vê no alto da imagem. Esta imagem foi criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2. Acknowledgement: Davide De Martin
Esta imagem de grande angular no óptico mostra a região do céu da famosa constelação de Órion. A conhecida Nebulosa de Órion (Messier 42) é o objeto brilhante que se vê no alto da imagem. Esta imagem foi criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2.
Crédito:
ESO/Digitized Sky Survey 2. Acknowledgement: Davide De Martin

Notas

[1] Objetos mais quentes emitem a maior parte da sua radiação em comprimentos de onda mais curtos e objetos mais frios emitem a comprimentos de onda mais longos. Como exemplo, estrelas muito quentes (com temperaturas da ordem dos 20 000 graus Kelvin) aparecem azuis e estrelas mais frias (com temperaturas de cerca de 3000 graus Kelvin) aparecem vermelhas. Uma nuvem de poeira com uma temperatura de apenas dez Kelvin tem o seu pico de emissão a comprimentos de onda muito mais longos – a cerca de 0,3 milímetros – na zona do espectro electromagnético para a qual o APEX é muito sensível.

Mais Informações

Este trabalho sobre protoestrelas nesta região foi descrito no artigo científico intitulado “A Herschel and APEX Census of the Reddest Sources in Orion: Searching for the Youngest Protostars” de A. Stutz et al., que foi publicado na revista especializada Astrophysical Journal.

Os dados APEX utilizados nesta imagem foram obtidos por Thomas Stanke (ESO), Tom Megeath (Universidade de Toledo, EUA) e Amelia Stutz (Instituto Max Planck de Astronomia, Heidelberg, Alemanha). O APEX é uma colaboração entre o Instituto Max Planck para a Rádio Astronomia (MPIfR), o Observatório Espacial Onsala (OSO) e o ESO. A operação do APEX no Chajnantor está a cargo do ESO.

O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a pesquisa em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é  financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação nas pesquisas astronômicas. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera  o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio  ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente. O ESO está planejando o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho no céu do mundo”.

Fonte:

http://www.eso.org/public/brazil/news/eso1321/

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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