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21 de novembro de 2024

A Elegância das Galáxias Elípticas Registrada Pelo VST do ESO

This deep image of the area of sky around the elliptical galaxy NGC 5018 offers a spectacular view of its tenuous streams of stars and gas. These delicate features are hallmarks of galactic interactions, and provide vital clues to the structure and dynamics of early-type galaxies.

Um brilhante conjunto de galáxias povoa esta imagem obtida pelo Telescópio de Rastreio do VLT do ESO, um telescópio de última geração com espelho de 2,6 metros de diâmetro, concebido para mapear o céu em luz visível. As características das muitas galáxias que enchem esta imagem permitem aos astrônomos revelar os detalhes mais delicados da estrutura galáctica.

O Very Large Telescope do ESO (VLT) consegue observar objetos astronômicos de baixíssimo brilho com grande detalhe, mas quando os astrônomos querem compreender o processo de formação da grande variedade de galáxias que existe, recorrem a um tipo de telescópio diferente, com um campo de visão muito maior. O Telescópio de Rastreio do VLT (VST) é o telescópio perfeito, uma vez que foi concebido para explorar a enorme vastidão dos céus noturnos chilenos, fornecendo aos astrônomos rastreios astronômicos detalhados do hemisfério sul.

This annotated view of the surroundings of the elliptical galaxy NGC 5018 shows many of its neighbours. It also reveals a few asteroids that were captured by chance during the deep exposures needed to reveal the delicate streams of stars between the galaxies.

Com o auxílio das grandes capacidades do VST, uma equipe internacional de astrônomos realizou o rastreio VEGAS (VST Early-type GAlaxy Survey, Rastreio de Galáxias Precoces com o VST) [1], com o objetivo de investigar um conjunto de galáxias elípticas no hemisfério sul [2]. Utilizando a OmegaCAM, o detector muito sensível situado no coração do VST [3], a equipe liderada por Marilena Spavone do INAF-Observatório Astronômico de Capodimonte em Nápoles, Itália, capturou imagens de uma grande variedade deste tipo de galáxias em diferentes meios.

This wider-area image around the elliptical galaxy NGC 5018 offers a different perspective on the cosmic vastness. If seen with the unaided eye it will look almost empty. Here the extremely sensitive detectors of the VST have captured a myriad of stars, galaxies, and even a few errant asteroids crossing this area of the sky during the long exposures need to obtain the image.

Uma destas galáxias é NGC 5018, a galáxia de um branco leitoso que se encontra próximo do centro da imagem. Este objeto situa-se na constelação da Virgem e à primeira vista pode parece nada mais do que uma mancha difusa. No entanto, após uma inspeção mais cuidada, podemos ver uma corrente tênue de estrelas e gás — uma cauda de maré — estendendo-se em direção ao exterior desta galáxia elíptica. Estruturas galáticas delicadas, tais como caudas de maré e correntes estelares, são marcas de interações galáticas, fornecendo-nos pistas vitais sobre a estrutura e dinâmica das galáxias.

This chart shows most of the stars in the constellation Virgo (The Virgin) that can be seen with naked eye on a clear dark night. NGC 5018 can be found to the south of the brightest star in Virgo — α Virginis, better known by its popular name Spica.

Para além de muitas galáxias elípticas, e de algumas espirais, podemos ver também, em primeiro plano nesta imagem notável de 400 milhões de pixels, uma variedade de estrelas coloridas brilhantes que pertencem à nossa Via Láctea. Estas intrusas estelares, tais como HD 114746 de cor azul viva que se vê próximo do centro da imagem, não foram observadas intencionalmente, encontrando-se simplesmente entre a Terra e as galáxias distantes alvos deste estudo. Menos proeminentes, mas igualmente fascinantes, são os rastros tênues deixados pelos asteroides do nosso Sistema Solar. Abaixo de NGC 5018 podemos ver, estendendo-se ao longo da imagem, um traço fraco deixado pelo asteroide 2001 TJ21 (110423) e capturado ao longo de observações sucessivas. Mais para a direita, outro asteroide – 2000 WU69 (98603) — deixou também o seu rastro na imagem.

This image is a colour composite made from exposures from the Digitized Sky Survey 2 (DSS2).

Apesar do objetivo dos astrônomos ter sido investigar as estruturas delicadas de galáxias distantes situadas a milhões de anos-luz de distância da Terra, no processo acabaram também por capturar imagens de estrelas próximas situadas a apenas centenas de anos-luz de distância e até rastros fracos de asteroides que se encontram a uns meros minutos-luz no nosso próprio Sistema Solar. Mesmo quando estudamos as regiões mais afastadas do cosmos, a sensibilidade dos telescópios do ESO e os límpidos céus noturnos chilenos juntam-se para nos oferecer observações fascinantes de objetos muito mais próximos de casa.

Fonte:

https://www.eso.org/public/brazil/news/eso1827/?lang

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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