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22 de dezembro de 2024

A dança da atmosfera de Io

Por Yara Laiz Souza

Io, uma das luas de Júpiter, está á sombra do Gigante Gasoso Júpiter e tal conformidade faz com que a sua atmosfera fina apresente uma atividade interessante de transformação. Os gases vulcânicos congelam durante os eclipses diários da lua e, durante a presença de poucos raios solares, esses gases sublimam novamente em um processo que é uma verdadeira roda gigante, uma dança suave dentro de uma lua vulcânica. Esta pesquisa lança nova luz sobre as luas de Júpiter e pode ser mais um trabalho possivelmente agraciado pelos novos dados com a sonda Juno.

“Esta pesquisa é a primeira em que os cientistas observam  este fenômeno notável diretamente, melhorando a nossa compreensão desta lua geologicamente ativa”, explica Constantine Tsang, um dos cientistas da Southwest Research Institute em Boulder, Colorado.

O processo é fascinante. Io é o objeto mais vulcânico do Sistema Solar e seus vulcões são causados pelo aquecimento de marés e da força gravitacional de Júpiter e de outras luas. Durante uma erupção, vulcões em Io lançam na atmosfera dióxido de enxofre (SO2); esse gás entra em colapso enquanto Io está na sombra de Júpiter e, dessa forma, congela na superfície. Quando a escuridão passa, o SO2 sublima e volta para atmosfera e o processo recomeça quando a lua cai mais uma vez na sombra do Gigante Gasoso.

Para chegar nessas conclusões, foram utilizados o Telescópio Gemini, no Havaí, e um instrumento chamado Texas Echelon Cruz Enchelle Spectrograph (TExES). Os dados também mostraram que os eclipses acontecem por duas horas ao dia (um dia em Io tem 1,7 dias terrestres). Ou seja, a cada duas horas do dia na lua, o SO2 está congelado na superfície. A volta desse gás para a atmosfera acontece quando a lua volta a sentir os raios solares.

“Isso confirma que a atmosfera de Io está em um constante estado de colapso e reparação e mostra que uma grande fração da atmosfera é suportada por sublimação do SO2 congelado”, diz John Spencer, co-autor do estudo.

Antes das pesquisas atuais, observar a atmosfera de Io era uma tarefa complicada visto a escuridão de seu eclipse. O instrumento TExES mede a atmosfera de Io utilizando a radiação de calor ao invés da luz solar e o Gemini sente a assinatura de calor fraco nos ambientes colapsados da lua. Assim, a constatação do fenômeno foi uma surpresa para os astrônomos pela excentricidade de Io.

As observações estavam sendo analisadas cuidadosamente desde 2013, quando Io estava a 675 milhões de quilômetros de distância da Terra. Durante duas noites, várias observações foram feitas incluindo a movimentação de Io pela sombra de Júpiter por cerca de 40 minutos até iniciar o sei eclipse diário.

Via site da NASA

 

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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