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A Cratera Roche V na Lua


A cratera Roche V na Lua (38,86 ° S, 129,62 ° E) é uma das cinco crateras satélites associados com a cratera Roche. Em comparação com seus irmãos, a Roche V é o patinho feio do grupo: ela tem uma forma, oblonga e  irregular, fraturas no seu interior, e é preenchida com material de mares. Mas, semelhante ao patinho feio da história, as características geológicas que se destacam e chamam nossa atenção fazem dessa cratera de 29 km de diâmetro uma cratera de fato, muito especial. A forma irregular nos diz algo sobre a formação da cratera, provavelmente porque o bólido que a formou atingiu a superfície lunar em um ângulo muito oblíquo. Mas talvez o mais interessante é o preenchimento com material de mares da Lua, juntamente com fraturas lineares e arqueadas. Existem muitas crateras de interior fraturado na Lua mas a grande maioria são muito maiores que Roche V (por exemplo, a Gassendi é de 110 km de diâmetro). A causa de fraturas nessas crateras maiores permanece pouco compreendida, mas os cientistas sabem que os interiores dessas crateras são elevados e muitos contêm depósitos suaves de basalto. Dada a diferença de tamanho entre Roche V e estas crateras maiores, podemos explicar a geologia do interior da cratera Roche V?

Dando uma olhada no mosaico WAC, há uma diferença marcante entre as fraturas na Roche V e as  observadas em outro nível  fraturado de crateras, como a Atlas (87 km de diâmetro). As fraturas no interior da cratera  Atlas e outros interiores fraturados são grandes, que se assemelham a canais lineares em aparência. No entanto, as fraturas na Roche V não são tão bem definidas e aparecem visualmente rasas em comparação às observadas na Atlas. O material de preenchimento acidentado e fraturado tem um maior albedo do que os mares suaves. Talvez o material de mar que preenche a Roche V seja parcialmente coberto por material ejetado com um albedo maior resultante de um impacto recente próximo.

As características da superfície do material no interior da Roche V são visualmente semelhantes à superfície de uma mistura de maisena com água em uma bacia seca. O material que lambeu as laterais da cratera ficou ali aprisionado à medida que a lava se esfriou, mas como a lava resfriada que experimentou uma mudança de pequeno volume e encolheu. As fraturas observadas podem ser resultado da refrigeração dentro do lago de lava. Grande parte do contato entre a parede e o interior da cratera está atualmente turvo e suavizado devido a modificações pós-impacto e na formação de regolito e em escala de imagens feitas com a câmera NAC são muito difíceis de serem discernidos, mas ainda existem alguns contatos distintos visíveis em imagens LROC NAC.

Fonte:

http://lroc.sese.asu.edu/news/index.php?/archives/485-Oblong-Roche-V.html



Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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