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21 de novembro de 2024

James Webb Descobre Exoplaneta Congelado Na Zona Habitável De Uma Estrela

Recentemente, uma equipe de astrônomos identificou um exoplaneta temperado, LHS 1140 b, como um promissor mundo de gelo ou água. Liderados pela Université de Montréal, os pesquisadores concluíram que este exoplaneta na zona habitável não é um mini-Netuno, mas sim uma super-Terra, um planeta rochoso ou rico em água, maior que a Terra. Localizado a aproximadamente 48 anos-luz de distância na constelação de Cetus, LHS 1140 b emerge como um dos candidatos mais promissores para abrigar uma atmosfera e possivelmente um oceano de água líquida.

Os dados foram coletados pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) em dezembro de 2023 e complementados por observações anteriores dos telescópios espaciais Spitzer, Hubble e TESS. Esses resultados, aceitos para publicação no The Astrophysical Journal Letters e disponíveis no servidor de pré-impressão arXiv, representam um marco significativo na busca por exoplanetas habitáveis.

Ryan MacDonald, bolsista Sagan da NASA no Departamento de Astronomia da U-M, destacou a importância dessa descoberta: “Esta é a primeira vez que vemos um indício de uma atmosfera em um exoplaneta rochoso ou rico em gelo na zona habitável. Detectar atmosferas em mundos pequenos e rochosos é um objetivo principal para o JWST, mas esses sinais são muito mais difíceis de observar do que em atmosferas de planetas gigantes.”

A descoberta de LHS 1140 b é particularmente significativa devido à sua localização na chamada “zona habitável” de sua estrela hospedeira, uma anã vermelha de baixa massa. Esta zona, muitas vezes referida como a “Zona de Cachinhos Dourados”, é a região ao redor de uma estrela onde as temperaturas são adequadas para a existência de água líquida na superfície de um planeta. A presença de água líquida é um dos critérios fundamentais para a habitabilidade, pois é essencial para os processos bioquímicos que sustentam a vida como conhecemos.

O JWST, com suas capacidades avançadas de observação, desempenhou um papel crucial na coleta de dados que levaram a esta descoberta. Este telescópio, lançado em 2021, é equipado com instrumentos que permitem a detecção de sinais atmosféricos em exoplanetas, algo que era extremamente desafiador com os telescópios anteriores. A combinação de dados do JWST com as observações de telescópios como Spitzer, Hubble e TESS permitiu uma análise mais robusta e detalhada de LHS 1140 b.

Esta descoberta não só amplia nosso conhecimento sobre exoplanetas na zona habitável, mas também abre novas possibilidades para a pesquisa de vida extraterrestre. A identificação de uma atmosfera potencialmente rica em nitrogênio em LHS 1140 b é um passo importante na caracterização de exoplanetas que podem suportar vida. Com mais estudos e observações, os cientistas esperam confirmar a presença de uma atmosfera e explorar ainda mais as condições que tornam LHS 1140 b um candidato tão promissor para a habitabilidade.

LHS 1140 b, um exoplaneta orbitando uma estrela anã vermelha de baixa massa, aproximadamente um quinto do tamanho do Sol, tem cativado cientistas devido à sua proximidade com o sistema solar e sua localização na zona habitável da estrela. Exoplanetas encontrados nesta “Zona de Cachinhos Dourados” possuem temperaturas que permitiriam a existência de água em forma líquida, um elemento crucial para a vida como conhecemos na Terra.

Uma das questões críticas sobre LHS 1140 b era se ele seria um exoplaneta do tipo mini-Netuno ou uma super-Terra. A análise das observações da equipe excluiu fortemente o cenário de mini-Netuno, com evidências sugerindo que LHS 1140 b é uma super-Terra que pode até ter uma atmosfera rica em nitrogênio, semelhante à da Terra. No entanto, os pesquisadores alertam que serão necessárias observações adicionais com o JWST para confirmar a assinatura do gás nitrogênio.

Estima-se que LHS 1140 b seja menos denso do que o esperado para um planeta rochoso com uma composição semelhante à da Terra, sugerindo que 10 a 20% de sua massa pode ser composta de água. Esta descoberta aponta para LHS 1140 b como um candidato convincente a mundo aquático, provavelmente assemelhando-se a um planeta de gelo com um potencial oceano líquido no ponto sub-estelar, ou seja, a área da superfície do planeta que estaria sempre voltada para a estrela hospedeira devido à rotação síncrona do planeta (semelhante à Lua da Terra).

O exoplaneta LHS 1140 b, localizado a aproximadamente 48 anos-luz de distância na constelação de Cetus, é um dos exoplanetas mais próximos do sistema solar que reside na zona habitável de sua estrela. Esta proximidade relativa facilita a observação e análise detalhada, permitindo que os cientistas utilizem uma variedade de telescópios espaciais, incluindo o James Webb Space Telescope (JWST), Spitzer, Hubble e TESS, para coletar dados valiosos.

Os dados coletados pelo JWST em dezembro de 2023, combinados com observações anteriores, foram fundamentais para determinar que LHS 1140 b não é um mini-Netuno, mas sim uma super-Terra. Esta classificação é crucial, pois os mini-Netunos são tipicamente planetas gasosos com atmosferas espessas de hidrogênio, enquanto as super-Terras são planetas rochosos ou ricos em água, com maior potencial para abrigar vida.

A análise inicial dos dados sugere que LHS 1140 b pode ter uma atmosfera rica em nitrogênio, semelhante à da Terra. A presença de uma atmosfera é um fator determinante na habitabilidade de um planeta, pois pode ajudar a reter calor e sustentar um clima estável. No entanto, a confirmação definitiva da composição atmosférica de LHS 1140 b exigirá observações adicionais com o JWST.

Além disso, a densidade de LHS 1140 b indica que uma fração significativa de sua massa pode ser composta de água. Esta característica sugere que o exoplaneta pode ser um mundo aquático, com uma superfície coberta por gelo e um oceano líquido potencialmente presente no ponto sub-estelar. Este cenário é particularmente intrigante, pois a presença de água líquida é um dos principais requisitos para a vida como a conhecemos.

Em resumo, LHS 1140 b apresenta características que o tornam um dos exoplanetas mais promissores na busca por mundos habitáveis. Sua localização na zona habitável, a possível presença de uma atmosfera rica em nitrogênio e a indicação de água em sua composição fazem dele um alvo prioritário para futuras observações e estudos detalhados.

Ryan MacDonald conduziu a análise de recuperação atmosférica que sugere que LHS 1140 b possui uma atmosfera rica em nitrogênio, potencialmente semelhante à atmosfera terrestre, que é composta por 78% de nitrogênio. Embora ainda seja um resultado provisório, a presença de uma atmosfera rica em nitrogênio sugeriria que o planeta reteve uma atmosfera substancial, criando condições que poderiam suportar água líquida. Este achado é particularmente significativo, pois a presença de uma atmosfera espessa é um dos principais indicadores de um ambiente potencialmente habitável.

Essa descoberta favorece o cenário de mundo aquático/planeta de gelo como o mais plausível. Modelos atuais indicam que, se LHS 1140 b tiver uma atmosfera semelhante à da Terra, seria um planeta de gelo com um oceano em forma de alvo de aproximadamente 4.000 quilômetros de diâmetro, equivalente a metade da área da superfície do Oceano Atlântico. A temperatura da superfície no centro deste oceano alienígena poderia até ser uma confortável 20 graus Celsius. Este cenário sugere que, apesar das condições extremas em outras partes do planeta, a região central poderia abrigar um ambiente estável e temperado, propício para a existência de água líquida.

A potencial atmosfera e as condições favoráveis para água líquida em LHS 1140 b fazem dele um candidato excepcional para futuros estudos de habitabilidade. Este planeta oferece uma oportunidade única para estudar um mundo que poderia suportar vida, dada sua posição na zona habitável e a probabilidade de ter uma atmosfera que pode reter calor e suportar um clima estável. A presença de uma atmosfera rica em nitrogênio também pode indicar processos geológicos e vulcânicos ativos, que são cruciais para a reciclagem de nutrientes e a manutenção de um ambiente habitável a longo prazo.

A análise da densidade e composição de LHS 1140 b revela que ele é menos denso do que o esperado para um planeta rochoso com uma composição semelhante à da Terra, sugerindo que 10 a 20% de sua massa pode ser composta de água. Esta descoberta aponta para LHS 1140 b como um candidato convincente a mundo aquático, provavelmente assemelhando-se a um planeta de gelo com um potencial oceano líquido no ponto sub-estelar, ou seja, a área da superfície do planeta que estaria sempre voltada para a estrela hospedeira devido à rotação síncrona do planeta (semelhante à Lua da Terra).

Além disso, a possível presença de um oceano líquido sob uma camada de gelo espesso poderia criar um ambiente similar aos oceanos subterrâneos encontrados em luas do nosso sistema solar, como Europa e Encélado. Esses ambientes são considerados alguns dos locais mais promissores para a busca de vida extraterrestre devido à combinação de água líquida, fontes de energia química e proteção contra radiação espacial. Se LHS 1140 b realmente possui um oceano líquido, ele poderia fornecer insights valiosos sobre a habitabilidade de mundos aquáticos e as condições necessárias para a vida.

Em resumo, as implicações da descoberta de uma atmosfera rica em nitrogênio e a possível presença de água líquida em LHS 1140 b são profundas. Este exoplaneta não apenas amplia nosso entendimento sobre a diversidade de mundos habitáveis, mas também destaca a importância de continuar explorando e caracterizando exoplanetas na zona habitável. Com mais estudos e observações, LHS 1140 b pode se tornar um dos principais alvos na busca por vida além do nosso sistema solar.

Comparado a outros exoplanetas na zona habitável, como aqueles no sistema TRAPPIST-1, a estrela LHS 1140 parece ser mais calma e menos ativa, tornando significativamente menos desafiador distinguir a atmosfera de LHS 1140 b dos sinais estelares causados por manchas estelares. “Nossa reconciliação inicial de LHS 1140 b com o JWST revelou que este pode ser o melhor exoplaneta na zona habitável atualmente conhecido para caracterização atmosférica,” afirmou MacDonald. “Embora precisemos de mais observações do JWST para confirmar a atmosfera rica em nitrogênio e buscar outros gases, este é um começo muito promissor.”

A importância do JWST e futuras observações adicionais não pode ser subestimada. A confirmação de uma atmosfera rica em nitrogênio e a busca por outros gases serão cruciais para entender melhor a composição e as condições de LHS 1140 b. Este exoplaneta tem o potencial de ser um marco na busca por planetas habitáveis e vida extraterrestre, oferecendo uma janela para estudar um mundo que pode compartilhar características com a Terra.

Em termos de relevância científica, a descoberta de LHS 1140 b e suas características atmosféricas potenciais representam um avanço significativo na astrobiologia e na ciência planetária. A possibilidade de um exoplaneta rochoso na zona habitável com uma atmosfera substancial abre novas perspectivas sobre a frequência e a diversidade de mundos habitáveis no universo. Além disso, a detecção de uma atmosfera rica em nitrogênio pode indicar processos geológicos e atmosféricos semelhantes aos da Terra, sugerindo que LHS 1140 b poderia ter um ciclo hidrológico ativo e condições climáticas estáveis.

Futuras pesquisas focarão em observações mais detalhadas com o JWST e outros telescópios avançados. Essas observações buscarão confirmar a presença de nitrogênio e identificar outros componentes atmosféricos, como oxigênio, dióxido de carbono e vapor d’água, que são indicadores críticos de habitabilidade. Além disso, estudos espectroscópicos detalhados poderão revelar a estrutura e a dinâmica da atmosfera de LHS 1140 b, fornecendo insights sobre sua evolução e potencial para sustentar vida.

Outra área de interesse será a modelagem climática e geofísica de LHS 1140 b. Modelos avançados poderão simular as condições de superfície e atmosféricas, ajudando a prever a distribuição de água líquida e as possíveis zonas habitáveis no planeta. Essas simulações serão essenciais para planejar futuras missões de exploração e determinar os melhores métodos para detectar sinais de vida.

Em suma, LHS 1140 b representa um passo significativo na exploração de exoplanetas e na busca por vida além do nosso sistema solar. Com mais estudos e observações, este exoplaneta pode fornecer insights valiosos sobre as condições necessárias para a habitabilidade e a presença de vida em outros mundos. A descoberta de LHS 1140 b não só amplia nosso conhecimento sobre a diversidade de exoplanetas, mas também nos aproxima da resposta a uma das perguntas mais fundamentais da humanidade: estamos sozinhos no universo?

Fonte:

https://phys.org/news/2024-07-astronomers-ice-world-habitable-zone.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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