Em setembro passado, a NASA propositalmente colidiu uma nave espacial com Dimorphos, um asteroide com 160 metros de largura que orbita um asteroide maior chamado Didymos. O objetivo da missão, chamada DART (Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo), era demonstrar a capacidade da humanidade de desviar asteroides perigosos da Terra. Essa parte da missão foi um sucesso muito além de todas as expectativas. Mas agora os cientistas também estão aprendendo mais sobre as origens dos dois asteroides. Um estudo conduzido após o impacto do DART descobriu que Dimorphos é feito do mesmo material que Didymos, e que o par de asteroides provavelmente se originou de um único corpo.
O impacto do DART lançou uma nuvem significativa de detritos para longe de Dimorphos. A nuvem inicial, feita de poeira fina e material gasoso contendo traços de sódio e potássio, se espalhou rapidamente e se moveu para longe do sistema. Ela se dispersou em questão de minutos. Uma segunda nuvem de detritos mais pesados, no entanto, persistiu por meses. Usando o telescópio IRTF de 3 metros da NASA no Havaí, uma equipe de pesquisa observou essa segunda nuvem de detritos por uma semana após o impacto, assistindo enquanto ela evoluía e se espalhava. O que eles descobriram foi que a assinatura espectroscópica dos detritos de Dimorphos correspondia à de Didymos antes do impacto.
Em outras palavras, ambos os asteroides eram feitos do mesmo material: silicato (um composto de silício e oxigênio).
Antes do impacto do DART, apenas cerca de 5% da luz do sistema se originava em Dimorphos. Ele era drasticamente ofuscado por seu parceiro maior Didymos, tornando incrivelmente difícil obter observações espectrais distintas do pequeno asteroide. No entanto, após o impacto, todo o sistema se iluminou consideravelmente, e os detritos, em seu máximo, contribuíram com mais de 64% da luz que alcançava os telescópios baseados na Terra a partir do sistema. Esse brilho intenso tornou possível estudar a composição da nuvem de detritos de Dimorphos.
A equipe de pesquisa percebeu que os detritos eram feitos em grande parte de material mais pesado e rochas maiores, porque o vento solar rapidamente afastou os grãos menores. Isso parece contrastar com o material na superfície de Didymos, que os pesquisadores preveem ser composto principalmente de grãos pequenos – uma previsão que a futura missão HERA da Agência Espacial Europeia poderá confirmar.
Então, se Didymos e Dimorphos são feitos do mesmo material, como eles acabaram como asteroides separados?
A teoria principal é chamada de modelo de ‘disrupção rotacional’:
“Asteroides com diâmetros menores que algumas dezenas de km podem se desintegrar à medida que sua rápida rotação aplica tensão em sua fraca força interna, resultando em material ejetado que entra em órbita e eventualmente se acumula em um satélite”, explicam os pesquisadores.
Como um asteroide pequeno e de rotação rápida, Didymos é um bom candidato para este modelo. Ele quase certamente ejetou partículas em órbita ao seu redor. Ele também compartilha uma geometria comum entre asteroides binários: esférica com um abaulamento ao redor do equador. Essa geometria apenas reforça o caso para o modelo de disrupção rotacional.
Com os novos dados coletados após o impacto do DART, o caso está praticamente encerrado. O fato de que a assinatura espectral é idêntica entre Didymos e Dimorphos sugere fortemente que eles se originaram como um único corpo. Com o tempo, o asteroide de rotação rápida lançou material em órbita, que então se juntou para formar a pequena lua chamada Dimorphos. Lá permaneceu por éons, até que o DART interrompeu seu caminho, e lhe deu uma nova órbita (e nos deu uma oportunidade única de estudá-lo).
Fonte:
https://www.universetoday.com/164079/dimorphos-is-probably-a-piece-of-didymos/