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23 de dezembro de 2024

O Vale Marineris em Marte – A Mais Impressionante Feição Geológica do Sistema Solar

A mais impressionante feição geológica de Marte e talvez em todo o Sistema Solar, é o vasto complexo de cânions conhecido como Vale Marineris. Uma feição parecida com o Grand Canyon encontrado na Terra, o Vale Marineris corre ao longo do lado sul da região vulcânica de Thariss Rise por 4000 quilômetros, se estivesse localizado na Terra, por exemplo, ele se esticaria por toda a largura do continente norte-americano.

Esses cânions não são somente longos, eles também são largos, vales individuais podem ter podem ter mais de 100 quilômetros  de largura e mais de 6 quilômetros de profundidade, em locais onde o complexo se divide em vales paralelos a largura total pode chegar até 600 quilômetros. O vale começa na porção oeste da região através de um complexo de linhas de falhas e de canais erosivos chamado de Noctis LAbyrinthus ( O Labirinto da Noite). Caminhando para leste, esses canais fluem através de cânions mais profundos e mais largos, o Tithonium Chasma e o Ius Chasma. Na porção central onde os cânions são mais largos imensas avalanches criaram grandes depressões com apenas algumas platôs parecidos com mesas, nas regiões de Ophir Chasma e Candor Chasma. Ainda na porção leste, uma série de cânions paralelos se estende por mais de 1000 quilômetros, essa parte é conhecida como Coprates Chasma. Na parte leste final, o complexo como um todo se exaure nas regiões Capri e Eos Chasmata.

É tentador buscar por semelhanças e fazer paralelos entre o Vale Marineris e o Grand Canyon na Terra, mas depois de muitos anos de pesquisa ficou claro para os cientistas que diferente do Grand Canyon o Vale Marineris em Marte não é resultado de um processo de erosão causado pelo fluxo dos rios ou das geleiras através dele. Contudo, a água certamente fluiu através do vale em Marte e ficou nele armazenada – em alguns locais existem sinais de rochas sedimentares construídas como camadas sobrepostas de pequenas partículas que ali se depositaram devido a ambientes aquosos – em lagos perdidos e no Noctis Labyrinthus certamente formado como rios individuais que permitiram o fluxo de água nas porções mais profundas do vale marciano. Mas o complexo maior de cânions  é provavelmente o resultado de forças geológicas ainda mais poderosas.

Então como o vale se formou? A resposta mais provável é que ele na verdade é uma imensa falha criada na crosta de Marte em resposta a formação da imensa Tharsis Rise. A Tharsis por si só é um imenso bulbo de crosta formado pela pressão proveniente do manto na porção interna do planeta, ou pode ter se formado por uma massiva construção de lava proveniente de erupções dos gigantescos vulcões da região, mas em ambos os casos a sua existência colocou a crosta sob um regime de enorme tensão provocando a sua separação gerando as gigantescas avalanches. Alguns cientistas especialistas em Marte dizem ver evidências dessas avalanches ao redor da região de Candor Chasma sugerindo que algo líquido esteve de alguma forma envolvido no processo. Talvez, sugerem eles, os vulcões ativos da região de Tharsis derreteu o gelo em subsuperfície através de toda a região, gerando assim uma lama líquida que exsudou através das fraturas vulneráveis do cânion e forçou torrenciais inundações ao longo dela, destruindo qualquer coisa que estivesse no seu caminho.

Fonte:

Livro Cosmos – Giles Sparrow – página 45

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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