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23 de novembro de 2024

O Nascimento de Um Planeta Gigante Ao Redor De Uma Estrela

A astronomia sempre nos surpreende com novas e emocionantes descobertas. E uma das descobertas mais recentes, feita ao redor da estrela HD 169142, é um exemplo perfeito disso. Através de uma reanálise de dados coletados ao longo de vários anos, uma equipe de astrônomos liderada por Iain Hammond, da Monash University na Austrália, confirmou a presença de um protoplaneta em formação com uma massa semelhante à de Júpiter. Neste post, vamos explorar a descoberta e o que isso significa para nossa compreensão da formação dos gigantes gasosos.

A estrela HD 169142 está cercada por um disco de material, e à medida que o protoplaneta se move, ele esculpe uma lacuna circular no disco. Esta lacuna foi vista pela primeira vez na imagem do sistema capturada pelo instrumento SPHERE (Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch) do VLT (Very Large Telescope) do ESO (Observatório Europeu do Sul) no Chile.

Os astrônomos observaram o sistema ao longo de vários anos e identificaram uma esteira em espiral que o protoplaneta deixa para trás enquanto reorganiza parte do material no disco, de maneira semelhante à esteira criada por um barco ao se mover na água. Este é um sinal revelador de que um planeta está em formação, já que ele acumula poeira, gás, rochas e outros materiais que cercam sua estrela hospedeira, criando lacunas como a observada aqui.

O instrumento SPHERE desempenhou um papel crucial na descoberta desse protoplaneta. Projetado especificamente para observar características como lacunas e esteiras em espiral, o SPHERE é capaz de bloquear a luz da estrela para aumentar o contraste na imagem e corrigir o borrão causado pela turbulência atmosférica, melhorando assim a resolução das imagens capturadas.

Ao estudar a esteira em espiral e a lacuna que o protoplaneta criou ao redor da estrela HD 169142, os astrônomos podem aprender mais sobre como os planetas gigantes, como Júpiter, se formam. Isso é crucial para aprimorar nossa compreensão dos processos envolvidos na formação dos sistemas planetários e, em última instância, na busca por planetas habitáveis fora do nosso próprio sistema solar.

A descoberta do protoplaneta em formação ao redor da estrela HD 169142 é um passo significativo para desvendar os mistérios da formação dos gigantes gasosos. A presença dessa lacuna e da esteira em espiral indica que o protoplaneta está em processo de crescimento, acumulando material e esculpindo seu caminho ao redor da estrela.

Ao compreender melhor como planetas como Júpiter se formam, os astrônomos podem aplicar esse conhecimento à busca por outros planetas gigantes gasosos e potencialmente habitáveis. Além disso, essa descoberta também ajuda a aprimorar nossos modelos teóricos de formação planetária, permitindo uma compreensão mais abrangente das condições que levam à criação de planetas de diferentes tamanhos e composições.

Com o avanço contínuo da tecnologia astronômica, como o SPHERE, e a construção de telescópios ainda mais poderosos, como o Extremely Large Telescope (ELT), os astrônomos estão cada vez mais preparados para explorar a vastidão do universo em busca de novos planetas e sistemas estelares. Essas descobertas não apenas enriquecem nosso conhecimento do cosmos, mas também têm o potencial de nos ensinar mais sobre a origem e a evolução de nosso próprio sistema solar.

A descoberta do protoplaneta em formação ao redor da estrela HD 169142 é um testemunho do poder da ciência e da tecnologia na exploração do universo. Ao observar e analisar fenômenos como este, os astrônomos estão expandindo nosso conhecimento sobre a formação de planetas gigantes gasosos e, por extensão, sobre os processos que moldam os sistemas planetários. À medida que continuamos a desvendar os mistérios do espaço, é emocionante imaginar o que mais podemos aprender sobre as maravilhas do cosmos e nosso lugar nele.

Fonte:

https://www.eso.org/public/videos/potw2317a/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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