Por que observar o universo em infravermelho?
Essa talvez é uma pergunta que muitos estão fazendo e isso está muito relacionado com o James Webb.
Uma primeira coisa importante é que como o universo está em expansão acelerada, os objetos mais distantes do universo se afastam de nós mais rapidamente, e isso, devido ao conhecido Efeito Doppler faz com que ao observarmos esses objetos seu espectro esteja deslocado para o vermelho.
Esse efeito é chamado de redshift.
Isso quer dizer que quanto maior o redshift, designado pela letra Z, mais distante está o objeto.
E então, para estudar esses objetos distantes, precisamos de um instrumento que seja capaz de ver os comprimentos de onda mais avermelhados, ou seja, no infravermelho, e é esse um dos objetivos do James Webb, entender como o universo se formou, observar os objetos mais distantes, e por isso ele observa o universo no infravermelho.
Outra coisa importante, para entender como as estrelas se formam, é preciso observar o que acontece dentro das nuvens de poeira e gás.
Mas essas nuvens são opacas para a luz visível, então com um telescópio tradicional é impossível fazer esse estudo.
Já para a luz infravermelha essas nuvens são transparentes de modo que um telescópio como o James Webb consegue enxergar o que acontece ali dentro e ver as primeiras estrelas se formando.
Outra coisa qque manda muito no infravermelho é qual a faixa que o telescópio atua, quanto mais longa a faixa mais ele conseguirá penetrar nas nuvens.
Até agora nós só tivemos um grnade observatório de infravermelho no espaço, que foi o Spitzer, tivemos outros sim, como o IRAS, o primeiro telescópio espacial, mas o Spitzer com o seu espelho de 80 cm era o maior até então e que atuava no infravermelho médio.
Mas aí veio o James Webb e com ele um espelho de 6.5 metros e a capacidade de observar também no infravermelho médio.
E o resultado é esse aí, quando comparamos uma imagem do Spitzer com a do James Webb, feita com o seu instrumento MIRI.
O MIRI faz imagens no infravermelho médio, ou seja, comprimentos de onda mais longos penetrando mais profundamente nas nebulosas.
A imagem mostra uma parte da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea, onde existem muitas estrelas em formação.
Uma coisa que vale ser lembrada é que essa é uma imagem de calibração do James Webb ainda, não é uma imagem científica.
Mas só aí já podemos ver muitas diferenças.
Primeiro, quantidade a mais de estrelas na imagem do James Webb, estamos vendo estrelas que nunca antes haviam sido observadas pela humanidade.
Outro ponto de destaque é a nitidez das estrelas, na imagem do Spitzer elas aparecem como um borrão, no James Webb, aparecem claramente, dando para ver até os spikes de difração, isso permite uma análise mais detalhada.
Outra coisa, são os filamentos de poeira e gás que podemos observar na imagem do James Webb, muito mais claros e muito mais filamentos.
E por fim, as estrelas, ou protoestrelas dentro desses filamentos de poeira e gás, ou seja, estrelas recém-formadas ou ainda em formação.
Vale a pena comparar o comprimento de onda usado, no caso do Spitzer 8 mícron, e no caso do James Webb, 7.7 mícron, ou seja, estão observando o mesmo conteúdo.
Já se esperava isso, claro, mas o James Webb surpreendeu ainda mais a todos, e isso nos dá uma ideia de como serão as imagens científicas feitas pelo Telescópio Espacial.
Vamos ter que esperar um pouquinho ainda, na última conferência de imprensa foi dito que as primeiras imagens científicas só em julho, mas para quem esperou tanto tempo, 2 meses não é nada.
Mas só essa imagem já é a melhor imagem em infravermelho da história de toda a astronomia, imagina o que vem pela frente!!!
Fonte:
https://blogs.nasa.gov/webb/2022/05/09/miris-sharper-view-hints-at-new-possibilities-for-science/
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