A busca para encontrar planetas ao redor de estrelas próximas o suficiente onde é possível aprender sobre a composição dos planetas, acaba de receber uma grande ajuda com a descoberta de dois mundos rochosos, orbitando a estrela GLiese 887. Embora o planeta mais interno dos dois recém-descobertos seja muito quente para suportar a vida, o outro pode estar localizado no local exato para suportar a água líquida em sua superfície. O que está realmente animando os astrônomos, contudo, é a combinação da relativa proximidade do sistema, com a pista de um terceiro planeta e as características da estrela parental, tudo isso junto, faz desses exoplanetas mundos particularmente interessantes para a realização de uma exploração mais profunda.
A maioria das estrelas na nossa galáxia, são estrelas do Tipo-M (anãs vermelhas). Contudo, elas não são fáceis de serem observadas no céu noturno. Essas estrelas são tão apagadas, que até mesmo a mais próxima de nós, a Proxima Centauri, só é visível através de um telescópio de tamanho moderado. A Gliese 887, também conhecida como Lacaille 9352 é a anã vermelha mais brilhante, sendo relativamente grande para os padrões das anã do Tipo-M, ela tem metade da massa do Sol, e está relativamente próxima da Terra. A estrela fica localizada a apenas 11 anos-luz de distância da Terra, ela é a décima segunda estrela mais próxima da Terra. Mesmo assim, ela ainda não é brilhante o suficiente para ser observada a olho nu.
A equipe de pesquisadores do projeto RedDdots publicou na revista Science a descoberta de dois planetas no sistema, e existe ainda a suspeita de um terceiro planeta, todos eles descobertos usando a técnica da velocidade radial. Gliese 887b tem uma órbita de apenas 9.3 dias, enquanto Gliese 887c tem uma órbita de 22 dias e tem uma temperatura de aproximadamente 79 graus Celsius. As massas são de aproximadamente 4.2 e 7.6 vezes a massa da Terra, respectivamente. Se 887d existe, ele deve ter um ano de 51 dias, o que faz com que ele seja só um pouco mais quente que a Terra.
A combinação de proximidade e tamanho moderado também faz da Gliese 887 exatamente o tipo de estrela que os astrônomos querem encontrar com planetas. A vantagem de estar próxima é ótima para pesquisas futuras, enquanto que a massa e o brilho da estrela indicam que a estrela possa ter o que se chama de um sweet spot para a vida. Para uma estrela brilhante como o Sol, qualquer planeta habitável tem que estar localizado muito longe da estrela de modo que a confirmação demora muito. Já as estrelas mais apagadas tender a ter terríveis explosões energéticas que podem esterilizar qualquer planeta que esteja na zona habitável.
Essas explosões também fazem os planetas ao redor dessas estrelas difíceis de serem estudados. O sistema Gliese, nas palavras do Professor Melvyn Davies da Lund University é “múltiplo, quieto e próximo de nós”. Essas estrelas são muito menos abundantes que o Sol.
Os futuros telescópios, como o James Webb, terão uma grande chance de observar a atmosfera dos planetas e medir suas composições. Para os planetas conhecidos, isso poderá ser um grande passo para a pesquisa de exoplanetas. Se o Gliesse 887d existir, ele será um dos melhores candidatos para se procurar por vida além do Sistema Solar.
Fonte:
https://www.iflscience.com/space/newly-discovered-super-earths-present-a-golden-opportunity-to-study-exoplanet-atmospheres/