Em outubro de 2018, foi anunciado um novo projeto para estudar as Fast Radio Bursts, ou FRBs, breves flashes energéticos de luz além da nossa galáxia. No momento em que o novo projeto foi anunciado, os astrônomos conheciam cerca de 30 FRBs, e o CHIME, Canadian Hydrogen Intensity Mapping Experiment, que fica localizado na British Columbia, prometia na época aumentar drasticamente esse número.
Agora, um ano e meio depois, é possível ver se o CHIME realmente representou um progresso. O CHIME já detectou cerca de 700 explosões de fontes de FRBs. Incluindo entre elas, nove novas fontes repetidas.
As FRBs foram descobertas a mais de uma década atrás. Esses flashes brilhantes, mas breves, na casa dos milissegundos de emissões de ondas de rádio são milhões de vezes mais brilhantes do que os pulsos mais brilhantes dos pulsares galácticos e elas carregam a assinatura de ser produzida a uma grande distância – algo que foi confirmado posteriormente como acontecendo em galáxias distantes.
Apesar de tudo que já aprendemos sobre as FRBs, nós ainda não sabemos como elas são produzidas, mas a lista de teorias está cada dia crescendo mais, e hoje já devemos ter um catálogo delas. Um mistério sobre as FRBs é que algumas já observadas se repetem, enquanto que outras produzem somente um flash que pode ser detectado.
Isso significa que os dois tipos de FRBs, as de repetição e as que não repetem, são produzidas de duas maneiras diferentes? Ou em diferentes ambientes? Ou existe uma outra explicação para o fato de algumas repetirem e as outras não?
A melhor maneira de responder a essas questões, é fazer inferências estatísticas, e para isso precisamos detectar cada vez mais FRBs, e o CHIME, sem dúvida alguma está ajudando a aumentar essa base de dados.
E o que esse novo grupo de amostras pode nos dizer? Ele confirma as prévias descobertas das duas populações de FRBs.
A medida de dispersão, uma medida de como os sinais viajam até chegar até nós, para as FRBs que repetem tem a mesma distribuição daquelas que não repetem, sugerindo que as duas populações se originam em um mesmo ambiente e ter distribuições similares no espaço.
A largura do pulso é maior para as FRBs que repetem do que as que não repetem, significando que as fontes repetidas possuem uma duração levemente maior. Isso pode apontar para diferentes mecanismos de emissão para os dois tipos de explosões.
A medida da Rotação de Faraday, uma medida do ambiente magnetizado ao redor da fonte de explosão, foi obtida para duas das novas FRBs repetidas, e essa medida é menor do que a rotação extremamente rápida da FRB 121102, a primeira FRB repetida detectada. Nós não temos medidas suficientes para dizer ao certo ainda, mas parece que a FRB 121102 possa ser uma anomalia, e tanto as FRBs que se repetem e as que não se repetem se originam em ambientes modestamente magnetizados.
Ainda se tem muito para descobrir, mas à medida que as estatísticas das FRBs aumentem, é possível começar a eliminar algumas das teorias da origem das FRBs. O CHIME veio realmente para revolucionar essa área.
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