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Que os buracos negros são objetos estranhos, acho que ninguém tem mais dúvida.
Além de estranhos são também muito misteriosos.
Antes de entendermos o que o Hubble descobriu, é preciso entender uma coisa.
No universo, no centro da maior parte das grandes galáxias, existem buracos negros supermassivos, esses buracos negros podem ser muito ativos, como os AGNs, que englobam, os quasars, os blazars, as rádio galáxias, ou podem ser buracos negros que não são tão ativos assim, ou seja, não estão se alimentando de forma voraz.
Nos buracos negros supermassivos ativos, os astrônomos costumam encontrar um disco de material ao redor desse buraco negro, já nos outros tipos esse disco não deveria existir.
Esses discos são muito importantes, pois neles é possível, por exemplo, testar a Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein, já que, como o disco está mergulhado no campo gravitacional intenso do buraco negro, a luz é desviada, fazendo com que os astrônomos possam entender o processo.
Pelo menos é o que nos diz a teoria.
O problema, que na prática a teoria é outra.
Os astrônomos observaram a galáxia conhecida como NGC 3147, localizada a aproximadamente 130 milhões de anos-luz de distância da Terra.
Essa galáxia possui um buraco negro supermassivo em seu centro com uma massa equivalente a 150 milhões de vezes a massa do Sol.
A surpresa dos astrônomos, foi que, ao apontar o Hubble para essa galáxia eles puderam detectar a presença de um disco.
Disco esse onde o material está acelerado a 10% da velocidade da luz, fazendo com que o gás brilhe de forma intensa.
Obviamente, que os astrônomos não observaram o disco como você deve estar pensando, eles usaram um espectrógrafo que divide a luz em todos os comprimentos de onda, e onde os astrônomos podem então determinar a velocidade, a temperatura e outras características do objeto.
Isso só é possível de ser feito com o Hubble e o seu espectrógrafo, pois, aqui da Terra, a luz das estrelas da galáxia interferem na detecção desse disco.
O disco encontrado nessa galáxia é uma versão reduzida do que é encontrado nos quasars.
Isso indica que os modelos que os astrônomos usam para estudar esse tipo de galáxia nesse caso falharam.
Será que o modelo está totalmente falho?
Para isso, os astrônomos pretendem usar o Hubble para estudar outras galáxias parecidas e ver se esse disco está presente, e assim pensar em novos modelos.
Isso nos mostra que os buracos negros são muito mais estranhos do que a gente pensa e que o Hubble, mesmo chegando aos 30 anos no ano que vem, ainda é uma ferramenta fundamental para a astronomia.
#Hubble #BuracosNegros
Fontes:
https://www.spacetelescope.org/news/heic1913/?lang
https://hubblesite.org/contents/news-releases/2019/news-2019-35.html