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21 de novembro de 2024

Ilhas na Escuridão

Perto do polo sul da Lua, o Sol nunca fica muito alto com relação ao horizonte, mas à medida que a Lua gira em torno de seu próprio eixo, a direção do Sol muda. Cadeias de montanhas locais geram sombras que derivam drasticamente sobre a paisagem lunar, à medida que o Sol circula o horizonte. Muitos pontos elevados são iluminados por períodos extensos. Enquanto isso, áreas bem baixas, perto dos polos permanecem na escuridão durante todo o ano. Áreas que nunca recebem a luz solar de forma direta são chamadas de Regiões Permanentemente nas Sombras, ou do inglês, PSRs. O interior da Cratera Shackleton, é uma dessas áreas.

A Cratera Shackleton tem 21 quilômetros de diâmetro e mais de 4 quilômetros de profundidade. Uma cadeia elevada se apresenta aproximadamente entre a as crateras Shackleton e Gerlache, e a elevação relativamente alta dessa paisagem significa que algumas porções são iluminadas por mais de 90% do tempo, mas nenhuma é permanentemente iluminada. Futuros astronautas podem aproveitar essa iluminação persistente, instalando ali painéis solares de modo que será o que poderá fornecer energia solar praticamente constante para se gerar eletricidade. A proximidade das Regiões Permanentemente nas Sombras tanto na própria Cratera Shackleton, com na região ao redor possui um grande valor científico. As PSRs são locais onde compostos como gelo de água podem ser encontrados na Lua, além disso são locais que possuem pistas sobre a história da água no Sistema Solar interno, além de poder nos contar a história de outros elementos voláteis. Você ter uma fonte de gelo de água próxima pode também ser algo muito benéfico para as atividades humanas na superfície da Lua, tanto para ser consumida, transformando em ar e em água, como para ser usada como combustível.

Por essas e outras é que a missão Artemis da NASA pretende pousar os próximos astronautas na Lua nessa região. As imagens nesse post foram feitas pela sonda LRO da NASA que está na órbita da Lua. Agora pare um pouco e imagine as imagens que os futuros astronautas poderão nos enviar desse belo local no nosso satélite natural.

Fonte:

http://www.lroc.asu.edu/posts/1105

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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