Em todo o universo, só existe um planeta conhecido capaz de abrigar a vida. Enquanto a Terra é especial para nós, existe um número incontável de mundos similares orbitando outras estrelas. Já que a vida emergiu no início da história da Terra, parece provável que a vida pudesse emergir também em outros planetas potencialmente habitáveis. Mas como nós aprendemos tanto com os exoplanetas como com a própria história da vida na Terra, as coisas são um pouco mais complicadas que isso.
Em astronomia, “potencialmente habitável”, simplesmente significa que a órbita de um exoplaneta está numa distância particular da sua estrela. Perto o suficiente para que a água não congele, e longe o suficiente para que a água não evapore. A Terra, obviamente se encontra bem no meio da chamada zona habitável do Sol.
Mas existem outras coisas que fazem com que a Terra seja amigável para a vida. Por exemplo, o nosso Sol, é uma estrela estável que está na sequência principal, assim a Terra tem uma fonte de luz e calor constante por bilhões de anos. A Terra também tem um grande satélite natural, e a briga gravitacional entre a Terra e a Lua, cria um aquecimento por maré no interior do nosso planeta, produzindo vulcões e outras atividades geológicas que podem trazer material rico do interior da Terra para a sua superfície. No Sistema Solar externo, os grandes satélites naturais de Júpiter experimentam forças de maré parecidas, esquentando a água que fica em estado líquido na subsuperfície. Assim, satélites, como Europa teriam a condição de sustentar a vida, devido ao aquecimento por maré.
Tudo isso faz do nosso sistema solar um local pouco comum no universo. As estrelas como o Sol são bem menos comuns do que as estrelas do tipo anã vermelha que são menores. A maior parte dos exoplanetas descobertos orbitam uma estrela anã. O sistema TRAPPIST-1, por exemplo, que tem no mínimo 7 exoplanetas parecidos com a Terra em tamanho orbitando a sua estrela numa distância mais próxima do que Mercúrio está do Sol.
Embora a TRAPPIST01 tenha cerca de 90 vezes a massa de Júpiter, ela tem o mesmo tamanho do planeta, e os planetas que orbitam estão a uma distância semelhante à que os satélites de Júpiter estão do planeta. Como as órbitas não são exatamente circulares, eles experimentam forças de maré como os satélites jovianos. Assim eles podem ser geologicamente ativos e amigáveis para a vida.
Estrelas anãs vermelhas jovens podem ser hostis para a vida. Elas produzem grandes flares, que podem literalmente fritar a atmosfera de planetas próximos, deixando eles secos e áridos. Mas a TRAPPIST-1, é uma estrela velha, assim os planetas recebem calor e luz de forma constante sem experimentar grandes explosões. Num artigo recente, uma equipe de astrônomos observou as condições para os planetas do sistema TRAPPIST-1, levando em consideração tanto a quantidade de calor que eles recebem da estrela como a quantidade de aquecimento de maré gerado. Os astrônomos descobriram assim que o exoplanetas TRAPPIST-1d e TRAPPIST-1e parecem ser os mais amigáveis para a vida, com um aquecimento estelar moderado e um moderado aquecimento por força de maré. Eles devem ser quentes o suficiente para que a água permaneça no estado líquido na sua superfície, mas frio o suficiente para prevenir um efeito estufa mortal.
Claro que a grande questão é se esses planetas possuem uma grande quantidade de água na sua superfície. Isso irá depender de quão massivo eles são. Enquanto que por um lado nós sabemos bem o tamanho dos exoplanetas, por outro lado nós não temos certeza sobre a massa. Assim, nós precisamos de mais dados para determinar se a vida poderia mesmo sobreviver nesses exoplanetas.
Fonte:
Artigo:
https://arxiv.org/pdf/1712.05641.pdf