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18 de dezembro de 2024

Novas Imagens do WISE Revelam Estranha Criatura no Oceano Cósmico

Essa imagem é uma composição mostrando duas visões da estrela moribunda, ou da nebulosa planetária conhecida como NGC 1514. A visão da esquerda é obtida pelos telescópios baseados na Terra e feita com a luz visível, e a imagem da direita mostra o objeto na luz infravermelha, como vista pelo Wide-field Infrared Survey Explorer ou WISE da NASA. Crédito da Imagem: NASA/JPL – Caltech/UCLA

Uma nova imagem feita pelo Wide-field Infrared Survey Explorer da NASA mostra o que parece ser uma água-viva brilhante flutuando no fundo de um mar negro. Na realidade, essa criatura pertence ao universo – ela é uma estrela moribunda que está envolta por um gás fluorescente e dois anéis bem incomuns.

“Eu me lembrei da exibição de águas-vivas no Monterey Bay Aquarium – belas coisas flutuando na água, exceto por essa que está flutuando no espaço”, disse Edward Wrigth, o principal pesquisador da missão WISE na UCLA, e o coautor de um artigo que relata essa descoberta no Astronomical Journal.

O objeto é conhecido como NGC 1514, e algumas vezes é chamado de Nebulosa da Bola de Cristal, pertence à classe de objetos conhecidos como nebulosas planetárias, que se formam quando estrelas morrem e arremessam suas camadas externar de material. A luz ultravioleta da estrela central, ou nesse caso do par de estrelas, faz com que o gás fique fluorescente com uma luz colorida. O resultado as vezes é bonito, esses objetos são conhecidos também como as borboletas do espaço.

A NGC 1514 foi descoberta em 1790 por Sir William Herschel, que notou que esse fluido brilhante poderia não ser um aglomerado de estrelas apagadas como se suspeitava originalmente. Herschel tinha anteriormente definido o termo de nebulosas planetárias para descrever objetos similares com formas circulares parecidas com planetas.

Nebulosas planetárias com asas assimétricas de nebulosidade são comuns. Mas nada se assemelha com os novos anéis descobertos ao redor da NGC 1514. Os astrônomos dizem que os anéis são feitos de poeira ejetada pelo par de estrelas moribundas localizadas no centro da NGC 1514. Essa explosão de poeira colidiu com as paredes de uma cavidade que já havia sido formada pelos ventos estelares que então formaram os anéis.

“Eu apenas fui procurar um dos meus objetos favoritos no nosso catálogo do WISE e fiquei chocado ao ver esses estranhos anéis”, disse Michael Ressler, um dos membros da equipe de ciências do WISE no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena na Califórnia, e principal autor do artigo para o Astronomical Journal. Ressler tornou-se um aficionado pelo objeto anos atrás enquanto ele acampava no deserto e  o observava com um pequeno telescópio. É engraçado como as coisas acontecem na nossa vida”, disse ele”.

O WISE foi capaz de registrar os anéis pela primeira vez pois sua poeira está sendo aquecida e brilha com luz infravermelha que é então registrada pelo WISE. Na luz visível os anéis estão escondidos, sendo obscurecidos pelo brilho fluorescente da nuvem de gás.

“Esse objeto tem sido estudado por mais de 200 anos, mas o WISE nos mostrou que ele ainda pode nos surpreender”, disse Ressler”.

A luz infravermelha foi colorida e codificada na nova imagem do WISE, onde a cor azul representa a luz com comprimento de onda de 3.4 mícron, a cor turquesa é a luz com 4.6 mícron, verde é a luz com 12 mícron e vermelho é a luz de 22 mícron. Os anéis de poeira são representados em laranja. O brilho esverdeado no centro é uma concha de material mais interno, que foi expelida mais recentemente do que a concha mais externa que é muito apagada para ser vista na imagem infravermelha do WISE. O ponto branco no meio é o par de estrelas centrais, que são tão próximas que o WISE as observa como um único ponto.

Ressler disse que a estrutura da NGC 1514, que pensava-se ser única é provavelmente similar de maneira geral à geometria de outra nebulosa, a Nebulosa da Ampulheta. A estrutura parece diferente na imagem do WISE pois os anéis são detectáveis somente devido ao seu calor, eles não são fluorescentes no comprimento de onda do visível como são em outros objetos.

Descobertas inesperadas como essa são comuns em missões de busca como o WISE, que vasculha o céu como um todo. O WISE tem vasculhado o céu no comprimento de onda do infravermelho desde Janeiro de 2010, catalogando centenas de milhões de asteroides, estrelas e galáxoas. No final de Setembro, após cobrir o céu uma vez e meia, ele esgotou todo o seu líquido congelado que era necessário para manter os instrumentos do WISE na temperatura adequada para trabalhar. A missão, agora chamada de NEOWISE ainda está vasculhando o céu com dois de seus detectores infravermelhos, focando primariamente em cometas e asteroides incluindo objetos próximos da Terra, que são corpos que possuem uma órbita que passa relativamente perto da órbita da Terra ao redor do Sol.

A equipe de ciências do WISE disse que mais objetos como a NGC 1514 com certeza serão descobertos no conjunto de dados obtidos pela missão, o primeiro conjunto desses dados será lançado para a comunidade astronômica no outono de 2011.

Os outros autores do estudo são Martin Cohen do Mnterey Institute for Research in Astronomy, em Marina, Califórnia; Stefanie Wachter e Don Hoard do Spitzer Science Center da NASA no California Institute of Technology em Pasadena na Califórnia e Amy Mainzer do JPL da NASA.

Fonte:

http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2010-386&rn=news.xml&rst=2818

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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