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22 de novembro de 2024

Radiação Remanescente do Big Bang Permite Que Astrônomos Descubram Jato em Buraco Negro Distante

A black hole with an X-ray jet about 11 billion light years from Earth.

Um jato proveniente de um buraco negro muito distante sendo iluminado pelo brilho remanescente do Big Bang, conhecido como Radiação Cósmica Micro-ondas de Fundo, ou CMB, foi descoberto por astrônomos usando o Observatório de Raios-X Chandra da NASA, quando observavam outra fonte no campo de visão do observatório.

Jatos no universo inicial como esse, conhecido como B 3 0727+409, dão aos astrônomos uma maneira de pesquisar sobre o crescimento dos buracos negros numa época muito antiga do cosmos. A luz do B3 0727+409 foi emitida a cerca de 2.7 bilhões de anos depois do Big Bang, quando o universo tinha somente um quinto da sua idade atual.

A black hole with an X-ray jet about 11 billion light years from Earth.

A figura principal desse post mostra os dados de raios-X do Chandra que foram combinados com imagens ópticas obtidas pelo Digitized Sky Survey. Pode-se notar que as duas fontes perto do centro da imagem não representam uma fonte dupla mas sim um alinhamento do distante jato e da galáxia em primeiro plano.

O detalhe mostra mais informações da emissão de raios-X do jato detectado pelo Chandra. O comprimento do jato no 0727+409 é de no mínimo 300000 anos-luz. Muitos jatos longos emitidos por buracos negros supermassivos já foram detectados no universo próximo, mas como exatamente esses jatos emitem os raios-X é um tema de muito debate ainda. No B3 0727+409, parece que a CMB está realçando os comprimentos de onda de raios-X.

A black hole with an X-ray jet about 11 billion light years from Earth.

Os cientistas acreditam que à medida que os elétrons no jato voam do buraco negro numa velocidade próxima da velocidade da luz, eles se movem através de um mar de radiação de CMB e colidem com os fótons das micro-ondas. Isso realça a energia dos fótons na faixa dos raios-X que são detectados pelo Chandra. Se esse for o caso, isso implica que os elétrons no jato B3 0727+409, precisam se manter movendo na velocidade próxima da velocidade da luz por centenas de milhares de anos-luz.

A significância dessa descoberta está no fato dos astrônomos terem essencialmente descoberto esse jato enquanto estavam observando o aglomerado de galáxias no campo. Historicamente, esses jatos distantes têm sido descobertos primeiramente nas ondas de rádio, e então nas observações de raios-X para se procurar por emissões de energia mais altas. Se os jatos de raios-X podem existir com partes muito fracas e não detectáveis de ondas de rádio, isso significa que podem existir muito mais desses jatos no universo, mas os astrônomos ainda não procuraram por eles de forma sistemática.

Fonte:

http://chandra.harvard.edu/photo/2016/b30727/

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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