Montes de mineral de cor brilhante depositados em um cone vulcânico a mais de 3 bilhões de anos atrás podem preservar evidências de um dos mais recentes micro ambientes habitáveis de Marte.
Observações feitas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter da NASA permitiram aos pesquisadores identificarem o mineral como sendo silica hidratada e observarem o seu contexto vulcânico. A composição dos montes de material e a sua localização nos flancos do cone vulcânico fornecem a melhor evidência já encontrada em Marte para um depósito intacto a partir de um ambiente hidrotermal – fontes termais. Tais ambientes podem ter fornecido o hábitat para alguma forma inicial de vida da Terra.
“O calor e a água necessária para criar esses depósitos provavelmente gerou uma zona habitável”, disse J.R Skok da Brown University em Providence, R.I e principal autor do artigo que relata a pesquisa e que foi publicado na edição de 10 de Outubro de 2010 da Nature Geoscience e que pode ser acessado aqui: http://tecnoscience.squarespace.com/arquivo/silica-encontrada-em-marte-registra-sinais-de-um-ambiente-ha/ . Se a vida existiu ali esse seria um tipo de depósito promissor para sepultar as evidências, uma verdadeira câmara mortuária de micróbios”.
Nenhum estudo até o momento determinou e provou se a vida existiu ou não em Marte. O que essa pesquisa faz é adicionar novos resultados e assim colaborar com evidências sobre o fato de que em algum momento e em algum lugar o planeta Marte desenvolveu as condições favoráveis para uma vida microbiana. Esse lugar específico teria sido habitado quando a maior parte do planeta já se encontrava frio e seco. Concentrações de silica hidratada já haviam sido identificadas em Marte anteriormente incluindo uma porção bem pura encontrada pela sonda da NASA Mars Exploration Rover Spirit em 2007 . contudo nenhum desses achados prévios estavam em um local tão intacto como o novo achado e o local é um fator importante e decisivo para se determinar a origem.
Skok diz, “Você tem um contexto espetacular para esse depósito. Ele está localizado bem no flanco de um vulcão. O local permaneceu praticamente intacto desde quando a silica foi ali depositada”.
O pequeno cone se ergue a aproximadamente 100 metros acima do assoalho de uma cratera rasa chamada de Nili Patera. A Patera é o assoalho de uma caldeira vulcânica que se espalha por aproximadamente 50 quilômetros. Antes do cone se formar a lava que ali fluía livremente cobriu as planícies próximas. O colapso de uma câmara de magma no subsolo de onde a lava emanava criou a cratera. Fluxos de lava subseqüentes, ainda com uma textura líquida recobriu o assoalho da Nili Patera. O cone aparentemente cresceu a partir dos últimos derramamentos de lava, após a evolução do magma em subsuperfície que espessou sua textura de modo a entrar em erupção criando os cones.
“Nós podemos ler uma série de capítulos de um livro de história e assim saber que o cone se desenvolveu a partir do último suspiro de um sistema vulcânico gigantesco”, disse John Mustard, orientador de tese de Skok na Brown University e co-autor do artigo. “O resfriamento e a solidificação da maior parte do magma concentrou o conteúdo de água e silica”.
Observações feitas com as câmeras da Mars Reconnaissance Orbiter revelaram pedaços de depósitos brilhantes próximo do cume dos cones se abrindo em forma de leque morro abaixo. O pesquisador e parceiro de pesquisa de Skok, Scott Murchie do Applied Physics Laboratory da Johns Hopkins University em Laurel Md., analisou os pedaços brilhantes expostos com o instrumento chamado de Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer for Mars (CRISM) a bordo da sonda MRO.
A silica pode ter sido dissolvida, transportada e concentrada pela água quente. A silica hidratada identificada pelo espectrômetro no alto dos cones e confirmada pelas imagens, indica que fontes termais alimentadas pelo aquecimento da subsuperfície criaram esses depósitos. Os depósitos de silica ao redor das fontes hidrotermais na Islândia estão entre as feições similares que podem ser encontradas na Terra.
Murchie disse, “A zona habitável poderia estar localizada ao longo dos dutos por onde circulou a água quente”. A atividade vulcânica que gerou o cone em Nili Patera parece ter ocorrido mais recentemente do que os 3.7 bilhões de anos ou a idade mas elevada para uma zona possivelmente habitável em Marte anteriormente úmida registrada em minerais de argila identificados da órbita do planeta vermelho.
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