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18 de dezembro de 2024

Telescópio APEX do ESO Revela os Segredos de Construção das Metrópoles Galácticas


Artist's impression of a protocluster forming in the early Unive


observatory_15010541Os astrônomos estão usando o telescópio APEX para pesquisar enormes aglomerados de galáxias que se formaram no início do universo e estão revelando através de suas observações que boa parte da formação de estrelas está não somente sendo escondida pela poeira, mas também está acontecendo em locais inesperados. Essa é a primeira vez que um censo completo da formação de estrelas nesse tipo de objeto tem sido possível.

Os aglomerados de galáxias são os maiores objetos do universo que são unidos pela gravidade, mas a formação dessas estruturas é algo que ainda não é muito bem entendido. A Galáxia da Teia de Aranha, formalmente conhecida como MRC 1138-262 e seus arredores, têm sido estudados por vinte anos, usando os telescópios do ESO e de outras partes do mundo, e acredita-se que esse seja um dos melhores exemplos de um protoaglomerado no processo de formação, que começou a mais de 10 bilhões de anos atrás.


APEX view of the region around the Spiderweb Galaxy


Mas Helmut Dannerbauer (Universidade de Viena, na Áustria) e a sua equipe, suspeitam fortemente que a história está longe de ser completada. Eles queriam pesquisar o lado sombrio da formação de estrelas e descobrir como muitas das estrelas que se formam na galáxia da Teia de Aranha tem sido escondida da nossa visão pela poeira.

Para isso, a equipe usou a câmera LABOCA, acoplada ao Telescópio APEX no Chile e realizou cerca de 40 horas de observação do Aglomerado da Teia de Aranha no comprimento de onda milimétrico – comprimentos de onda de luz que são longos o suficiente para atravessar boa parte das espessas nuvens de poeira. A câmera LABOCA tem um campo vasto e é o instrumento perfeito para esse tipo de pesquisa.


The Spiderweb Galaxy and its surroundings (full ACS view)


Carlos De Breuck (cientista de projeto do APEX no ESO, e co-autor do estudo) enfatiza: “Essa é uma das observações mais profundas já feitas com o APEX e está colocando a tecnologia no seu limite – bem como a equipe de astrônomos que está tendo que trabalhar na alta altitude onde fica o APEX, a mais de 5000 metros acima do nível do mar”.

As observações feitas com o APEX revelaram que existem cerca de quatro vezes mais fontes detectadas na área da Teia de Aranha se comparado com o céu ao redor. Além disso, comparando-se cuidadosamente os novos dados com observações complementares feitas em diferentes comprimentos de onda, pode-se afirmar que muitas dessas fontes estavam na mesma distância do próprio aglomerado de galáxia e devem ser partes do aglomerado em formação.

Helmut Dannerbauer, explica: “As novas observações feitas com o APEX adicionam o pedaço final necessário para criar um censo completo de todos os habitantes dessa mega cidade estelar. Essas galáxias estão no processo de formação, e assim como uma área em construção na própria Terra, elas estão muito empeiradas”.


Wide-field image of the Spiderweb Galaxy (ground-based image)


Mas algo surpreendeu mesmo a equipe quando eles observaram onde a formação de estrelas recém detectada estava acontecendo. Eles estavam esperando encontrar essa região de formação de estrelas nos grandes filamentos que conectam as galáxias. Ao invés disso, eles encontraram essas regiões de formação concentradas na sua maior parte em uma única região, e essa região não estava nem mesmo centrada na Galáxia da Teia de Aranha central no protoaglomerado.

Helmut Dannerbauer, conclui: “Nós tínhamos como objetivo encontrar a formação estelar escondida do Aglomerado da Teia de Aranha – e conseguimos – mas nós revelamos um novo mistério do processo, essa formação não ocorre onde esperávamos! Essa mega cidade está se desenvolvendo de forma assimétrica”, ou como acontece muitas vezes na Terra, de forma não planejada.

Para continuar a história, futuras observações precisam ser realizadas – e o ALMA será o instrumento perfeito para dar os próximos passos e estudar em detalhe essas regiões empoeiradas.



Fonte:

http://www.eso.org/public/news/eso1431/

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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