Os cientistas estão mais perto de resolverem um mistério de 40 anos sobre a incomum aparência de algumas crateras em Marte.
Essas feições são chamadas de crateras com dupla camada de material ejetado, ou simplesmente, do inglês, DLE, e têm atraído a atenção da pesquisa pois seus padrões de detritos não se ajustam com o entendimento típico que se tem de como as crateras se formaram.
As crateras são marcas que se formam na superfície de um planeta ou de um satélite quando uma rocha em alta velocidade se choca com esse corpo. A colisão de um bólido a alta velocidade espalha detritos em um anel. Porém, existem mais de 600 crateras em Marte que têm duas camadas de detritos. Um novo estudo sugere que um deslizamento glacial possa ter sido o responsável por gerar essa segunda camada.
O estudo realizado por geólogos da Universidade Brown David Weiss e James Head está detalhado na edição de 7 de Agosto de 2013 da revista Geophysical Research Letters.
As primeiras crateras DLEs foram observadas durante as missões Viking da NASA a Marte na década de 1970. As sondas gêmeas carregavam cada uma um módulo orbital e um módulo de pouso. Enquanto os módulos de pouso fincavam seus pés no solo marciano, os módulos orbitais ficaram na órbita de Marte fazendo imagens do planeta com suas câmeras.
Em décadas desde então, os cientistas descobriram extensas evidências que a água e o gelo cobriram boa parte do planeta Marte num passado distante.
Os únicos grandes depósitos de gelo no Planeta Vermelho hoje em dia estão nos polos norte e sul, embora traços congelados possam ser observados em outras áreas. As DLEs, contudo, foram formadas enquanto a superfície marciana era coberta por uma imensa camada de gelo glacial, concluíram os pesquisadores depois de examinarem estudos climáticos do passado.
No máximo, essa camada de gelo alcançou as latitudes intermediárias de Marte com 50 metros de espessura. O gelo é escorregadio, o que significa que uma vez que a cratera foi formada e os detritos espalhados, o material sujo desliza e forma uma segunda camada no topo da segunda.
A teoria se ajusta com observações mais detalhadas das DLEs, dizem os autores. Muitas das crateras estudadas possuem estrias radiais, ou valas irradiando do epicentro das crateras. Essas feições são comuns nos deslizamentos de terra na Terra, particularmente aqueles que acontecem nas geleiras.
Taludes íngremes são também necessários para fazer esse cenário funcionar. Os cientistas calcularam que essas crateras precisam ser menores que 25 quilômetros de diâmetro para formar as DLEs, pois qualquer coisa maior seria muito raso para ter um talude íngreme. Eles examinaram posteriormente centenas de DLEs em Marte e descobriram que quase todas as crateras tinham esse tamanho ou eram menores.
As DLEs também exibem poucas crateras secundárias, que acontecem depois que partes mais espessas dos detritos cavam a superfície. Pelo fato desses materiais ejetados terem pousado no gelo, essas feições desapareceram depois que o gelo derreteu.
Fonte:
http://www.space.com/22620-mars-landslides-weird-double-craters.html