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21 de dezembro de 2024

NGC 4666: Uma Galáxia com Super-Vento

A Galáxia NGC 4666 tem a honra de estar no centro desta nova imagem, obtida no visível com o instrumento Wide Field Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2.2 metros no Observatório de La Silla, Chile. NGC 4666 é uma galáxia que apresenta formação estelar intensa e um invulgar “super-vento” de gás. Já tinha sido observada em raios X pelo telescópio espacial da ESA XMM-Newton, e a imagem aqui apresentada foi obtida no intuito de estudar outros objetos detectados anteriormente por estas observações em raios X.

NGC 4666, a galáxia proeminente que se encontra no centro desta imagem é uma galáxia de explosão de estrelas, situada a cerca de 80 milhões de anos-luz de distância, que apresenta formação estelar particularmente intensa. Pensa-se que esta formação estelar intensa é causada por interações gravitacionais entre a NGC 4666 e as suas galáxias vizinhas, incluindo NGC 4668, que pode ser observada no canto inferior esquerdo da imagem. Estas interações provocam muitas vezes surtos de formação estelar intensa nas galáxias envolvidas.

Uma combinação de explosões de supernova e fortes ventos liberados por estrelas de grande massa na região de forte formação estelar origina a ejeção de um imenso jacto de gás da galáxia para o espaço – o chamado “super-vento”. O super-vento é enorme em termos de dimensões, tendo origem na região central brilhante da galáxia e estendendo-se por dezenas de milhares de anos-luz. Como o gás é muito quente, emite radiação essencialmente em raios X e em rádio, por isso não pode ser observado em imagens no visível, como é o caso da imagem aqui apresentada.

Esta imagem foi obtida no programa de seguimento das observações feitas com o telescópio espacial de raios X da ESA XMM-Newton. NGC 4666 era o alvo das observações originais do XMM-Newton, mas graças ao grande campo de visão do telescópio muitas outras fontes de raios X foram igualmente observadas. Uma dessas detecções ocasionais corresponde a um enxame de galáxias de baixa luminosidade que pode ser observado mesmo no centro inferior da imagem. Este enxame encontra-se muito mais afastado de nós que NGC 4666, a cerca de três milhares de milhões de anos-luz de distância.

De modo a melhor compreender a natureza dos objetos astronômicos, os investigadores estudam-nos em vários comprimentos de onda diferentes. Isto porque a radiação a diferentes comprimentos de onda dá-nos informação sobre os diferentes processos físicos que estão a decorrer. Neste caso, as observações do Wide Field Imager (WFI) [1], obtidas no visível, permitem-nos aprofundar o estudo dos objetos descobertos por acaso em raios X – um bom exemplo de como os astrônomos usam conjuntamente diferentes tipos de telescópios para explorar o Universo.

Fonte:

http://www.eso.org/public/news/eso1036/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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