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22 de novembro de 2024

Jovens, Quentes e Azuis

Esta imagem obtida com o instrumento Wide Field Imager, montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla, no Chile, mostra o brilhante aglomerado estelar aberto NGC 2547. Entre as estrelas brilhantes, muito ao longe no fundo da imagem, podemos ver muitas galáxias remotas, algumas com formas espirais bem definidas. Crédito: ESO
Esta imagem obtida com o instrumento Wide Field Imager, montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla, no Chile, mostra o brilhante aglomerado estelar aberto NGC 2547. Entre as estrelas brilhantes, muito ao longe no fundo da imagem, podemos ver muitas galáxias remotas, algumas com formas espirais bem definidas.
Crédito:
ESO

observatory_150105Este bonito salpicado de estrelas azuis brilhantes é o aglomerado NGC 2547, um grupo de estrelas recém formadas situado na constelação austral da Vela. Esta imagem foi obtida com o instrumento Wide Field Imager, montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla, no Chile.

O Universo é velho – tem aproximadamente 13,8 bilhões de anos. A nossa galáxia, a Via Láctea, também é velha – algumas das estrelas que contém têm mais de 13 bilhões de anos (eso0425). No entanto, muita coisa ainda está a acontecer: novos objetos formam-se e outros são destruídos. Nesta imagem, podemos ver alguns destes recém-chegados: estrelas jovens que se estão se formando no aglomerado NGC 2547.

Mas, quão novos são realmente estes jovens cósmicos? Embora a sua idade exata seja incerta, os astrônomos estimam que as estrelas em NGC 2547 tenham entre 20 e 35 milhões de anos de idade. O que na realidade, não parece muito jovem. No entanto, comparando com o Sol que ainda nem chegou à meia idade e tem 4 bilhões e 600 milhões de anos, corresponde a imaginarmos que se o Sol for uma pessoa de 40 anos de idade, as estrelas brilhantes da imagem são bebês de três meses.

Este mapa mostra a constelação da Vela, onde estão assinaladas a maioria das estrelas visíveis a olho nu num céu escuro. A localização do aglomerado estelar NGC 2547 está marcada com um círculo vermelho. Este objeto pode ser facilmente observado com o auxílio de um pequeno telescópio. Crédito: ESO, IAU and Sky & Telescope
Este mapa mostra a constelação da Vela, onde estão assinaladas a maioria das estrelas visíveis a olho nu num céu escuro. A localização do aglomerado estelar NGC 2547 está marcada com um círculo vermelho. Este objeto pode ser facilmente observado com o auxílio de um pequeno telescópio.
Crédito:
ESO, IAU and Sky & Telescope

A maior parte das estrelas não se formam isoladas, mas sim em ricos aglomerados estelares com tamanhos que vão das várias dezenas aos vários milhares de estrelas. Embora o NGC 2547 contenha muitas estrelas quentes que brilham intensamente no azul, um sinal claro da sua juventude, podemos também encontrar uma ou duas estrelas amarelas ou vermelhas que já evoluíram até se tornarem gigantes vermelhas. Os aglomerados estelares abertos como este têm vidas comparativamente curtas, da ordem das várias centenas de milhões de anos, antes de se desintegrarem à medida que as suas estrelas se afastam.

Os aglomerados são objetos chave no estudo da evolução das estrelas ao longo das suas vidas. Os membros de um aglomerado nascem todos a partir do mesmo material e ao mesmo tempo, o que torna mais fácil determinar os efeitos de outras propriedades estelares.

O aglomerado estelar NGC 2547 situa-se na constelação da Vela, a cerca de 1500 anos-luz de distância da Terra, e é suficientemente brilhante para poder ser visto com binóculos. Foi descoberto em 1751 pelo astrônomo francês Nicolas-Louis de Lacaille, com o auxílio de um pequeno telescópio com menos de dois centímetros de abertura, durante uma expedição astronômica ao Cabo da Boa Esperança, na África do Sul.

Entre as estrelas brilhantes da imagem podemos ver também imensos outros objetos, especialmente se observarmos a imagem de perto. Muitos são estrelas da Via Láctea, mais tênues ou mais distantes de nós, mas alguns, que aparecem como objetos extensos difusos, são galáxias situadas muito para além das estrelas do campo de visão, a milhões de anos-luz de distância.

Esta imagem foi criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2 e mostra a rica região do céu em torno do jovem aglomerado estelar aberto NGC 2547, na constelação austral da Vela. Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2. Acknowledgement: Davide De Martin
Esta imagem foi criada a partir de dados do Digitized Sky Survey 2 e mostra a rica região do céu em torno do jovem aglomerado estelar aberto NGC 2547, na constelação austral da Vela.
Crédito:
ESO/Digitized Sky Survey 2. Acknowledgement: Davide De Martin

Mais Informações

O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a pesquisa em astronomia e é o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é  financiado por 15 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e funcionamento de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação nas pesquisas astronômicas. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta, no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera  o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é o parceiro europeu do revolucionário telescópio  ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente. O ESO está planejando o European Extremely Large Telescope, E-ELT, um telescópio de 39 metros que observará na banda do visível e infravermelho próximo. O E-ELT será “o maior olho no céu do mundo”.

Fonte:

http://www.eso.org/public/brazil/news/eso1316/

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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