Atualmente, um dos assuntos mais discutidos e comentados sobre a Lua são os resultados sensacionais obtidos pela missão GRAIL em órbita lunar. Para quem não sabe a missão GRAIL é composta de duas naves gêmeas que orbitam a Lua e durante a órbita elas medem a gravidade da Lua, produzindo assim um mapa gravimétrico do nosso satélite. Esse tipo de mapa é importante, pois através dele é possível, por exemplo, extrair a espessura da crosta lunar, a densidade das rochas lunares entre outras informações relevantes. Para quem não sabe também a missão deve ser finalizada na próxima semana, quando as sondas irão fazer uma queda programada no solo lunar, finalizando com sucesso essa importante missão. Voltando aos resultados, muitas pessoas estão analisando e discutindo os resultados obtidos pela missão GRAIL, uma dessas pessoas é a cientista planetária e uma das melhores escritoras de astronomia, Emily Lakdawalla, que fez um belo ensaio no site da planetary society sobre a geofísica envolvida nesse estudo da missão GRAIL (http://www.planetary.org/blogs/emily-lakdawalla/2012/12110923-grail-results.html). Além desse belo trabalho, os resultados da missão já tomaram conta das principais revistas científicas do mundo, entre elas a revista Science, onde foi publicado o artigo em anexo no final desse post. Nesse artigo o autor principal e seus colegas modelaram os dados obtidos pela missão GRAIL para extrair um mapa de densidade da crosta nas regiões das terras altas da Lua. Baseado na análise feita no artigo, os autores encontraram que a densidade média da crosta nas regiões das terras altas lunares, que é mostrada em verde no mapa acima, é de somente 2550 kg/m3, ou 2.55 g/cm3. Esses valores surpreenderam a todos, pois a densidade das rochas trazidas para a Terra e recolhidas nessa região da Lua apresentava um valor bem maior, entre 2800 e 2900 kg/m3. Os autores do artigo calcularam que essa diferença poderia ser explicada se alguns quilômetros superiores da crosta tivessem 12% de espaço vazio. Como uma analogia pode-se pensar numa sacola de pedras. Cada pedra tem certa densidade, mas a sacola como um todo tem uma densidade menor, pois existe um espaço vazio entre os pedaços de rochas que se chocam. Na Lua pode ter acontecido a mesma coisa, as rochas não devem se tocar de forma perfeita criando esses espaços vazios que contribuem para reduzir a densidade medida pela missão GRAIL. Os autores do artigo propuseram que esses espaços vazios possam ter sido gerado por um intenso faturamento causado pelo bombardeamento pesado que a crosta lunar sofreu no início de sua história. Esses dados levam a uma primeira descoberta feita pela missão GRAIL, mas que parece confirmar o que foi deduzido a 40 anos atrás. Bill Hartmann usou dados do catálogo conhecido como System of Lunar Craters para calcular que as terras altas da Lua precisavam ter sido intensamente fraturadas pelos impactos que as produziram e que também produziram as primeiras crateras da Lua. Ele, e outros pesquisadores, determinaram que o mega regolito, ou seja, a crosta pulverizada da Lua tinha aproximadamente dois quilômetros de espessura. O mais interessante de tudo isso, é que, com os dados recentes da missão GRAIL se chega ao mesmo entendimento, só que usando uma abordagem completamente diferente, dados completamente diferentes, e uma missão espacial lunar de altíssima tecnologia.
Fonte:
http://lpod.wikispaces.com/December+13%2C+2012