Os astrônomos estão voltando seus olhos para um grupo de estrelas quentes e jovens, observando cada movimento delas como se fossem paparazzos seguindo estrelas do cinema. Uma nova imagem infravermelha obtida pelo Telescópio Espacial Spitzer da NASA mostra uma colônia de estrelas se formando na constelação de Órion, situada na espada do caçador desta famosa constelação. Como estrelas de Hollywood, os astros cósmicos nem sempre brilham com a mesma intensidade, mas isso varia com o tempo. O Spitzer está observando essa apresentação estelar, ajudando assim os cientistas a aprenderem mais sobre o porquê das estrelas mudarem e qual o grau de formação de planetas poderia existir nessa região.
“Esse é um projeto exploratório. Ninguém fez isso antes num comprimento de onda sensível ao calor dos discos que circundam muitas estrelas”, disse John Stauffer, o principal pesquisador da NASA que trabalha no Centro de Ciências do Spitzer localizado no Instituto de Tecnologia de Pasadena na Califórnia. “Nós estamos observando uma grande variação, que pode ser o resultado da aglomeração ou da torção de estruturas localizadas no disco de formação dos planetas”.
A nova imagem foi feita após o Spitzer gastar todo o seu esfriamento em Maio de 2009, iniciando o que os cientistas chamam de missão quente. O sistema de resfriamento foi necessário para esfriar os instrumentos, mais os dois canais que registram os comprimentos de onda mais curtos do infravermelho ainda trabalham normalmente nessa nova fase mais quente com temperatura de 30 Kelvin. Nessa nova fase da missão, o Spitzer gastará mais tempo em projetos do que cobrindo grande parte do céu, o que necessita de um tempo de observação maior.
Um desses projetos, é o “Young Stellar Object Variability”, onde o Spitzer observa de forma repetida o mesmo pedaço da nebulosa de Órion, monitorando ao mesmo tempo 1500 estrelas variáveis. Nessa missão já foram feitas aproximadamente 80 imagens da região em mais de 40 dias. Um segundo conjunto de observações será feito no final de 2010. O brilho das estrelas dessa região confere a elas uma idade de um milhão de anos, o que em termos cósmicos significa que elas estão na infância, visto que o Sol tem 4.6 bilhões de anos.
As estrelas jovens são instáveis, com o nível de brilho mudando mais do que nas estrelas consideradas adultas como o Sol. Elas também giram em alta velocidade. Uma razão para essa variação no brilho é a presença de manchas frias na superfície. Manchas frias são opostas às manchas de idade, quanto mais jovem a estrela, mais manchas frias ela terá. As manchas frias se movem rapidamente nas estrelas mudando a quantidade d e luz que atinge os telescópios na Terra.
O brilho estelar pode também mudar devido a manchas quentes, que são causadas pela acresção de gás dentro da estrela jovem, proveniente de material externo ao que ela foi formada.
“Nas décadas de 1950 e 1960, os astrônomos sabiam que as estrelas mais jovens tinham essa variação e eles postularam que tinha algo que alterava o processo de brilho da estrela”, diz Stauffer. “Mais tarde, com a melhora da tecnologia, foi possível observar mais e aprender muito sobre as manchas estelares”.
O Spitzer é particularmente equipado para estudar outra razão que pode ser responsável pela mudança de brilho das estrelas. O equipamento infravermelho do telescópio pode observar os discos empoeirados que orbitam as estrelas. Esses discos são onde ocorre a formação de planetas. Quando esses discos são jovens, eles podem ser assimétricos, possivelmente causada pela formação de planetas ou por distúrbios gravitacionais de planetas já formados. À medida que esses discos circundam as estrelas eles bloqueiam a quantidade de luz.
Através da aquisição de mais e mais dados desses discos variáveis, Stauffer e sua equipe, espera aprender mais sobre como os planetas se desenvolvem. Isso não é apenas um boato, mas terá um efeito muito importante e em pouco tempo em toda a família estelar da região.
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