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22 de dezembro de 2024

A Seca de 2010 na Floresta Amazônica

Como a seca afeta um floresta tropical? As árvores com raízes profundas que constituem as florestas da região amazônica, podem ser de alguma forma resistentes a seca. Os cientista têm observado que as árvores na verdade perdem mais folhas durante a estação seca. Mais uma seca é um fenômeno muito mais extremo do que um ciclo seco, e em 2005, a seca reduziu o crescimento e matou árvores numa região muito bem monitorada da Amazonia. Com esses resultados conflitantes como a seca afeta a floresta em grande escala é uma questão em aberto. O ano de 2010, contudo dará aos cientistas uma nova chance de investigar tal fenômeno.

Entre Julho e Setembro de 2010, uma seca severa atingiu a Bacia Amazônica. O Rio Negro, um afluente do Rio Amazonas, alcançou o seu nível mais baixo em 109 anos de dados registrados, e incêndios devastadores espalharam uma imensa cortina de fumaça sobre a bacia seca. Mas como essa seca afeta as árvores?

A imagem acima, mostra uma possível resposta. Construída com medidas de “falta de verde” obtidas pelo instrumento Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS), a bordo do satélite Terra da NASA, a imagem mostra as condições da vegetação entre Julho e Setembro de 2010, comparado com as condições médias para o mesmo período entre os anos de 2000 e 2009 (exceto para 2005, outro ano seco na região). Os índices de vegetação são medidas de quanta fotossíntese poderia estar acontecendo com base na quantidade de folhas da vegetação observada pelo satélite. Em 2010, o índice de vegetação registrou os valores mais baixos do que os registrados nos anos anteriores,um indicativo de que as árvores nas condições de seca produzem menos folhas, ou o conteúdo onde clorofila nas folhas é menor, ou ambas as coisas.

A medida de vegetação em florestas tropicais pode ser uma armadilha. O índice de vegetação é obtido pela combinação da luz visível e da luz infravermelha que as plantas emitem em direção ao espaço e que podem ser registradas pelos satélites. A densa folhagem das florestas tropicais absorve grande parte da luz visível, de modo que pouca radiação nesse comprimento de onda é detectada pelo satélite, tornando assim mais difícil calcular o índice de vegetação nesse ecosistema do que em outros. Ao mesmo tempo, a fumaça reflete luz visível. Quando  existe fumaça  na atmosfera durante a estação seca uma quantidade extra de luz visível é refletida parecendo que a floresta é menos saudável do que ela realmente é. Durante os anos de seca, a fumaça pode ser mais que um problema, como o fogo e os incêndios são mais comuns nas condições secas, a Amazonia pode ser encoberta por uma fumaça perpétua.

Para lidar com esse problema, o MODIS, também mede o nível de aerossóis e as nuvens que podem interferir com as medidas de vegetação. No caso dessa imagem, os cientistas analisaram cada cena em busca de névoas e nuvens e assim descartaram as cenas que estavam contaminadas. Nas medidas restantes, a equipe concluiu que 1.68 milhões de quilômetros quadrados da floresta mostravam sinais de seca, ou declínio na fotossíntese. Outra análise feita com base nas chuvas concluiu que as árvores declinaram de forma significante durante a seca de 2010.

Esse tipo de declínio pode ter um impacto de longo prazo. As florestas tropicais, particularmente a Amazônia, estão entre os grandes depósito de estocagem de carbono, para a criação. As florestas removem o dióxido de carbono da atmosfera e então fazem com que ele passe a fazer parte da matéria da planta. Se alguma floresta tropical seca numa mudança, elas lançam o carbono estocado na madeira de árvores mortas para a atmosfera o que contribuiu para o efeitos do aquecimento global. Os cientistas estão tentando entender o que acontece com as florestas tropicais em condições de extrema seca, então assim eles poderão prever o que  acontecerá com as florestas sob diferentes tipos de climas, quando as secas serão fenômenos mais comuns.

Fonte:

http://earthobservatory.nasa.gov/IOTD/view.php?id=50136

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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