Duas supernovas que agem como explosões de raios-gamma, mas sem emitir raios-gamma têm sido observadas expelindo material próximo à velocidade da luz, talvez dando pista para o surgimento de uma nova classe inteira de supernovas, até não descoberta, que são dirigidas por buracos negros que elas criaram.
Jatos de detritos arremessados para fora das supernovas 2009bb e SN 2007gr a 85% e 60% da velocidade da luz respectivamente, foram detectados por um consórcio de rádio telescópios incluindo o Very Large Array no Novo México, EUA e pelo European Very Long Baseline Interferometry Network. Até hoje, somente as explosões de raios-gamma eram consideradas como aptas para acelerar material a essas grandes velocidades, mas nenhum raio-gamma foi detectado proveniente de alguma das supernovas.
Supernovas ordinárias resultam na criação de estrelas de nêutron à medida que uma estrela massiva sofre colapso, sem jatos, enquanto que em explosões de raios-gamma acredita-se que a estrela em colapso se condense dentro de um buraco negro que então dirige os jatos de alta energia emitindo raios-gamma.
“A dinâmica da explosão em uma supernova típica limita a velocidade de expansão da matéria em três por cento da velocidade da luz”, diz Chryssa Kouveliotou, pesquisador do Marshall Space Flight Center da NASA. “Ainda nesses novos objetos nós estamos registrando gás se movendo a uma velocidade 30 vezes maior que essa”.
A questão é, estão os astrônomos frente a frente com um novo tipo de supernova que cria um buraco negro sem emitir raios-gamma? Uma possibilidade é que os jatos podem estar voltados para outra direção que não seja a Terra, assim não seria possível detectar sua emissão. Uma alternativa é que os raios-gamma estejam sendo de certa forma abafados pelos detritos da explosão, implicando que eles precisam ser um grande grupo de explosão de raios-gamma que não serão detectados pelos telescópios como a missão Swift da NASA, mas que terão os jatos relativísticos detectados no comprimento de ondas de rádio.
“Nós acreditamos que as observações de rádio serão em breve a mais poderosa ferramenta para encontrar esse tipo de supernova no universo próximo, melhor até que os satélites de raios-gamma”, diz Alicia Soderberg do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics. “Precisa existir alguma propriedade física rara que separa as estrelas que produzem essas explosões dirigidas de suas primas mais normais. Nós gostaríamos de descobrir qual é essa propriedade”.
Fonte:
Revista Astronomy Now, Março 2010, página, 15.