No cume do Cerro Paranal, no deserto chileno do Atacama, dois dos Telescópios Principais do Very Large Telescope desfrutam do silêncio das estrelas, observando a Via Láctea que arqueia sobre o Observatório do Paranal do ESO.
Podem ser vistos na imagem vários objetos interessantes. Os mais proeminentes são as duas Nuvens de Magalhães – a Pequena e a Grande – que se encontram no meio dos dois telescópios. Em contraste, a Nebulosa do Saco do Carvão pode ser vista como uma mancha escura no meio da Via Láctea, parecendo uma gigantesca impressão digital cósmica por cima do telescópio da esquerda.
As Nuvens de Magalhães fazem parte do Grupo Local de galáxias, onde se inclui a nossa própria Galáxia, a Via Láctea. A Grande Nuvem de Magalhães situa-se a 163 000 anos-luz de distância da Via Láctea e a Pequena está a 200 000 anos-luz. A Nebulosa do Saco do Carvão, comparativamente, está à mera distância de 600 anos-luz do Sistema Solar e é a nebulosa escura mais visível no nosso céu.
O Saco do Carvão foi registrado por muitas culturas antigas e é identificada como a cabeça do Emu no Céu por diversos grupos indígenas australianos. Os aborígenes são muito provavelmente os mais antigos praticantes de astronomia do mundo e identificam as suas constelações pelas nebulosas escuras – em oposição às estrelas, usadas na tradição ocidental.
No hemisfério sul estas nuvens escuras são mais proeminentes do que no céu setentrional. Outras culturas têm também constelações escuras como, por exemplo, os Incas da América do Sul. Uma constelação particularmente importante para os astrônomos incas era a Urcuchillay (o Lhama), simbolizando a importância dos animais na sua cultura, como fonte de comida, lã e transporte.
Esta imagem foi obtida pelo Embaixador Fotográfico do ESO Yuri Beletsky.
Fonte:
http://www.eso.org/public/brazil/images/potw1439a/