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Tudo que Você Precisa Saber Sobre a TESS – Space Today TV Ep.1194

Vamos então mais uma vez falar da TESS. O Transiting Exoplanet Survey Satellite da NASA será lançado segunda-feira, dia 16 de Abril de 2018, direto de Cabo Canaveral na Flórida a bordo do Foguete Falcon 9 da SpaceX.

Todo mundo está falando da TESS, mas resolvi fazer esse vídeo para contar um pouco da história da missão para vocês, para que vocês sintam como uma missão nasce muito tempo antes do dia de seu lançamento.

A TESS nasceu originalmente de um satélite menor desenhado e construído pelo MIT e lançado no espaço pela NASA em 9 de Outubro de 2000.

O satélite chamava HETE-2, ou High Energy Transient Explorer 2.

Ele orbitou a Terra por 7 anos e a sua missão era detectar e localizar explosões de raios-gamma.

O George Ricker que era o principal pesquisador do HETE-2 no MIT integrou no satélite um conjunto de câmeras ópticas e de raios-X para que pudessem detectar esses fenômenos transientes que são as explosões de raios-gamma.

Em 2004, Ricker e a equipe do HETE-2 começaram a imaginar se as câmeras poderiam detectar outros objetos no céu e um deles estava começando a chamar a atenção da comunidade astronômica que eram os exoplanetas, nessa época somente 200 haviam sido descobertos.

Com isso em mente, em 2006, Ricker e a equipe do MIT prop6os para a NASA como uma missão dentro do programa Discovery, um satélite de baixo custo chamado HETE-S.

Mais tarde eles resolveram propor um financiamento privado de cerca de 20 milhões de dólares para o satélite, e como perceberam que o interesse pelos exoplanetas só aumentava, eles decidiram em 2008 propor para a NASA um satélite com um custo de 120 milhões de dólares, e que nessa época já havia mudado de nome para TESS.

Nesse momento o TESS tinha 6 câmeras CCD e a proposta é que ele ficasse numa órbita baixa da Terra, mas eles logo perceberam que essa órbita não seria boa para as câmeras sensíveis do TESS, pois a interação com o campo magnético da Terra poderia gerar ruídos que dificultariam a detecção de exoplanetas.

A NASA então recusou a primeira proposta e a equipe voltou ao trabalho.

Em 2010, a equipe submeteu novamente a proposta, dessa vez como uma missão da classe Explorer da NASA, e em 2013, a agência espacial aprovou a missão TESS.

Se contarmos desde o HETE-2 foram 18 anos até chegarmos nesse momento de lançamento do TESS, e 5 desde a aprovação da missão pela NASA.

Além de reduzir para 4 câmeras e não mais 6, a órbita também mudou drasticamente.

A equipe percebeu que o melhor seria colocar o TESS numa órbita em ressonância com a Lua, uma órbita nunca tentada antes.

A órbita final do TESS será uma órbita altamente elíptica onde o TESS poderá ficar orbitando por décadas, essa órbita será duas vezes mais distante do que a distância da Terra até a Lua, e o TESS e o nosso satélite natural estarão numa verdadeira dança cósmica.

Além da órbita diferenciada, logicamente as câmeras CCD que o TESS levará serão também fundamentais para a execução do trabalho.

As câmeras poderão detectar a luz num grande intervalo de comprimentos de onda, até o infravermelho próximo.

As câmeras estão montadas no topo do satélite e estão protegidas por um escudo em forma de cone, essa proteção é contra, principalmente outras formas de radiaçào eletromagnética.

Cada câmeras tem um campo de visão de 24 por 24 graus do céu, grande o suficiente para englobar a constelação de Orion.

O TESS começará a sua busca pelo céu do hemisfério sul, que foi dividido em 13 faixas e cada uma será analisada por 27 dias, depois ao final do primeiro ano da missão, o TESS passará a fazer a mesma coisa no hemisfério norte.

As c6ameras então farão imagens das estrelas, uma lista de 200 mil estrelas próximas e brilhantes foi preparada para ser pesquisada pelo TESS.

O TESS começará as observações 60 dias depois de ser lançado. Esses 60 dias servirão para testar os equipamentos, levar o satélite até a órbita e deixar tudo pronto para a caçada é como se você estivesse arrumando as tralhas para pescar.

Uma vez que o TESS comece a adquirir seus dados, a equipe acredita e espera que eles conseguirão medir a massa de 50 planetas com raio menor do que 4 vezes o da Terra, dimensões essas que poderiam sinalizar alguma habitabilidade.

Os dados depois de calibrados pela equipe do TESS serão disponibilizados para o público para que ele possa caçar seus próprios exoplanetas.

Agora só nos resta esperar.

Segunda-feira, dia 16 de Abril de 2018, o lançamento está previsto para as 19:32 hora de Brasília então a live no canal começa antes, lá pelas 18:45 para podermos falar sobre o satélite, sobre o foguete e acompanharmos esse lançamento, um dos mais aguardados do ano e dos últimos 18 anos por toda a equipe do MIT.

Fonte:

https://phys.org/news/2018-04-satellite-aims-thousands-nearby-exoplanets.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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