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Partes Remanescentes Do Módulo Beagle 2 da ESA Podem Ter Sido Encontradas Pela HiRISE em Marte

Artist's impression of Beagle 2 on the surface of Mars

observatory_150105Um módulo de pouso britânico em Marte foi perdido na sua viagem até o Planeta Vermelho a mais de dez anos atrás e pode ter sido registrado agora, desde a órbita do planeta.

O módulo Beagle 2 supostamente chegou em Marte no dia de natal de 2003, mas depois de ter sido lançado de sua nave mãe, a sonda Mars Express, o módulo nunca mais foi ouvido novamente.

Mas, depois de mais de uma década, o local onde o Beagle 2 caiu e descansa desde então pode finalmente ter sido descoberto. Os cientistas operando a famosa câmera HiRISE a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, ou MRO, farão uma conferência de imprensa na próxima sexta-feira, dia 16 de Janeiro de 2015 para anunciar uma atualização sobre a missão.

A HiRISE é a única câmera na órbita de Marte que pode imagear a superfície do planeta com a alta resolução suficiente para registrar a nave perdida. A equipe da HiRISE já encontrou os módulos gêmeos Viking que tocaram Marte na década de 1970 e fotografou os rovers da NASA, Phoenix, Curiosity e Opportunity. E por alguns anos, a equipe tem procurado de forma ativa pelo Beagle 2.

This recent picture released by the Euro

“A HiRISE é a única câmera em Marte que pode ver antigas naves como a Beagle 2. Ela definitivamente deve estar perto do seu ponto de pouso programado, não importa o que tenha acontecido. Ela entrou na atmosfera no momento certo e no lugar certo”, disse Shane Byrne, um cientista da equipe da HiRISE na Universidade do Arizona. Ele disse que a equipe tem tido que guardar em segredo mais detalhes sobre o anúncio que fará em breve.

Construído com orçamento apertado, o Beagle 2 anunciaria sua chegada em Marte tocando uma música escrita pela banda de pop britânico Blur. Mas apesar dos astrônomos terem tentado ouvir o som de chegada da sonda com os receptores mais sofisticados da Terra, o que eles ouviram foi só o silêncio.

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Liderado pelo cientista planetário Colin Pillinger da Open University, o Beagle 2 foi desenhado para pesquisar por sinais de vida em Marte e carregava um instrumento de perfuração  para pesquisar a subsuperfície do planeta Marte. O Beagle 2 foi lançado da sonda da ESA Mars Express e foi mandado suavemente  no curso certo para pousar na Isidis Planitia, uma enorme planície perto do equador marciano.

O módulo Beagle 2 iria lançar um paraquedas no seu caminho para a superfície marciana e iria inflar um air bag triplo no último minuto para amortecer o impacto. Quando a sonda falhou em ligar para casa, muitos cientistas espaciais suspeitaram que ela tinha se quebrado com o impacto.

A Agência Espacial do Reino Unido começou com rumores que partes remanescentes do módulo foram encontradas quando uma conferência de imprensa foi programada para essa sexta-feira dia 16 de Janeiro de 2015 para anunciar uma atualização sobre o Beagle 2.

“O Beagle 2 foi lançado com sucesso no dia 19 de Dezembro de 2003, e deveria ter pousado em Marte em 25 de Dezembro de 2003. Nada foi ouvido do Beagle 2 desde então”, diz a notícia.

Mark Sims, professor de astrobiologia e de instrumentação espacial na Universidade de Leicester, que liderou uma investigação interna sobre por que o Beagle 2 falhou ao tentar se comunicar com a Terra, declinou a comentar se o módulo foi encontrado ou não.

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Mas outro cientistas espacial que falou com o jornal Guardian, que pediu para não ser identificado, disse que partes do módulo perdido podem ter sido registradas pela câmera HiRISE. Com uma nova técnica de processamento de imagem, que sobrepõe múltiplas imagens, a câmera pode ter registrar feições com até 5 cm de comprimento na superfície do planeta Marte.

As fotos do módulo perdido seriam de grande interesse para os cientistas espaciais que estão planejando missões futuras para Marte, como a missão Exomars da ESA, que deve ser lançada em 2018 e pousar em Marte, um ano depois. “Independente do que aconteça com as missões espaciais, sempre existem lições para serem aprendidas para missões futuras. Qualquer coisa sobre o Beagle 2 seria útil em termos de tentar saber exatamente o deu errado com a missão”, disse o cientista espacial.

John Bridges da Universidade de Leicester, um membro da equipe da câmera HiRISE, estará na conferência de imprensa, juntamente com David Parker o chefe executivo da Agência Espacial do Reino Unido.

O módulo Beagle 2,

John Bridges at Leicester University, a member of the HiRISE camera team, will be at the press conference, along with David Parker the chief executive of the UK Space Agency.

O modulo Beagle 2, que mais parecia com duas tampas de latas de lixo fundidas tinha 95 cm de diâmetro. Se o módulo atingiu o solo com força, os pedaços podem ter se espalhado por uma área maior. Talvez o paraquedas e os air bags do Beagle 2 sejam mais fáceis de serem encontrados se eles foram ativados de forma correta e não foram carregados pelas tempestades marcianas. Encontrando-os poderia nos levar de volta à posição do Beagle 2.

Ian Crawford, um cientista planetário em Birkbeck, Universidade de Londres, disse que mesmo que pensem que encontrar o Beagle 2 não tenha valor científico nenhum, saber seu destino é algo muito importante. “As pessoas gostariam de saber o que aconteceu. Saber onde ele se arrebentou, se ele se arrebentou, poderia ser útil para as pessoas tentarem trabalhar o que deu errado. Se ele pousou mais ou menos onde estava planejado, então isso pode dar uma confiança de que pelo menos o processo de entrada na atmosfera funcionou”.

Os pesquisadores que trabalham com a câmera HiRISE na Universidade do Arizona têm feito imagens repetidas de alta resolução de parte da bacia Isidis, onde o Beagle 2 deveria ter pousado.

“Nós sempre percebemos na prática que nós poderíamos ter feito as coisas de maneira melhor e diferente. E quando as coisas dão errado, se é possível determinar o porque que deu errado, é algo inestimável”, disse John Zarnecki, um cientista planetário da Open University.

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Fonte:

http://www.theguardian.com/science/2015/jan/12/beagle-2-mars-lander-remains-red-planet

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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