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Rover Curiosity da NASA Encontra Evidências Para a Presença de Água Salgada na Subsuperfície de Marte

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De acordo com as novas medidas feitas pelo rover Curiosity da NASA, o Planeta Marte tem água líquida numa camada logo abaixo da sua superfície.

Até agora, os cientistas pensavam que as condições no Planeta Vermelho eram hostis para a existência de água, o planeta é muito frio e árido, embora, se saiba que existam os depósitos de gelo.

O Prof. Andrew Coates, chefe de ciência planetária no Mullard, disse: “As evidências até agora era de que qualquer água em Marte estaria na forma de pergelissolo. Essa é a primeira vez que nós temos evidências de água líquida em Marte”.

As últimas descobertas sugerem que o solo marciano é úmido com água salgada líquida, devido à presença de um sal que reduz de forma significativa o ponto de congelamento da água. Quando misturada com o perclorato de cálcio a água líquida pode existir até temperaturas incríveis de -70 graus Celsius, e o sal também consegue absorver o vapor de água da atmosfera.

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Novas medidas feitas na cratera Gale mostram que durante as noites de inverno até pouco depois do nascer do Sol, os níveis de temperatura e umidade são os ideais para a formação da salmoura.

Morten Bo Madsen, um pesquisador especialista em Marte, na Universidade de Copenhagen, e co-pesquisador do rover Curiosity, disse: “O solo é poroso, assim o que nós estamos vendo é a água que escoa através do solo. Com o passar do tempo, outros tipos de sais podem também se dissolverem no solo e agora que eles estão em estado líquido, eles podem se mover e precipitar sob a superfície”.

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A água no estado líquido é tradicionalmente considerada como um ingrediente essencial para a vida como nós a conhecemos, mas Marte, permanece hostil à vida por outras razões, dizem os cientistas. As últimas descobertas pouco provavelmente mudaram a visão de se a vida algum dia existiu em Marte, ela desapareceu a mais de um bilhão de anos atrás.

“Existem organismos na Terra, que podem sobreviver em ambientes salgados, mas se o ambiente ainda for muito frio e seco, aí sim é um problema para a vida”, disse Madsen. “A radiação em Marte torna o ambiente ainda mais hostil”.

O Prof. Coates concorda: “A água no estado líquido é uma das condições necessárias para a vida, mas não é a única”.

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Na Terra, o campo magnético global protege a atmosfera de ser degradada pela radiação cósmica emitida pelo Sol. No passado, os cientistas acreditam que Marte tinha um campo magnético similar com o da Terra, e uma atmosfera mais espessa, mas esse campo foi perdido a cerca de 4 bilhões de anos atrás.

Hoje, a radiação cósmica penetra no mínimo, um metro, na superfície marciana, e mataria até o micróbio mais robusto conhecido na Terra.

As temperaturas na superfície de Marte variam de 20 graus Celsius ao meio dia, no equador, para -135 graus Celsius, nos polos. A presença de perclorato foi descoberta em 2008, mas até agora não se sabia se as temperaturas e a humidade seriam altas o suficiente para produzir uma salmoura líquida.

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O último artigo, publicado na revista Nature, analisa os dados de umidade e temperatura para um ano completo de Marte, mostrando que a salmoura líquida poderia se formar. Instrumentos a bordo do Curiosity também mediram a estimativa de concentração de água na subsuperfície, que sugere que a água foi de fato absorvida sendo absorvida do ar e da superfície de gelo, pelo próprio solo salgado.

A água poderia estar presente em pequenas quantidades entre os grãos do solo, ao invés de estar presente em gotículas. “Se você cavasse uma trincheira em Marte, veria que o solo na base estaria um pouco mais escuro”, disse Madsen.

O Curiosity pousou em Marte em Agosto de 2012 na grande Cratera Gale, localizada um pouco ao sul do equador do planeta. A gigantesca cratera tem  154 km de diâmetro e um anel ao seu redor com cinco quilômetros de altura.

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No meio da cratera está o Monte Sharp, que o Curiosity atualmente está investigando.

Observações feitas pelas câmeras de uma sonda na órbita de Marte mostraram anteriormente áreas características de velhos leitos de rios, com rochas do tiplo pebles arredondadas que indicam que algum tipo de rio fluiu por ali com uma profundidade de cerca de um metro.

As últimas imagens detalhadas mostram depósitos sedimentares sobrepostos. “Esse tipo de depósito é formado quando grandes quantidades de água fluem pelos taludes da crateras e esses fluxos de água encontram uma água parada na forma de um lago”, concluiu Madsen.

Link para o artigo na revista Nature Geoscience de acesso livre:

http://nature.com/articles/doi:10.1038/ngeo2412

Fonte:

http://www.theguardian.com/science/2015/apr/13/nasas-curiosity-rover-finds-water-below-surface-of-mars

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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