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Plutão – O Outro Planeta Vermelho

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De que cor é Plutão? A resposta, revelada nos primeiros mapas feitos pela sonda New Horizons, é que ele tem tonalidades marrons avermelhadas. Embora isso lembre muito Marte, a causa é quase que certamente muito diferente. Em Marte, o que lhe dá a tonalidade avermelhada é o óxido de ferro, normalmente conhecido como ferrugem. No planeta anão Plutão, a cor avermelhada é provavelmente causada por moléculas de hidrocarbonetos que são formadas quando raios cósmicos e a luz ultravioleta do Sol interagem com o metano presente na atmosfera de Plutão e na sua superfície.

“A cor avermelhada de Plutão tem sido conhecida por décadas, mas a sonda New Horizons está agora permitindo que nós possamos correlacionar a cor de diferentes lugares na superfície com sua geologia e, em breve, com suas composições”, disse o principal pesquisador da New Horizons, Alan Stern, do Southwest Research Institute, em Boulder, no Colorado. “Isso fará com que possamos construir modelos computacionais sofisticados para entender como Plutão desenvolveu sua atual aparência”.

Os especialistas, têm a muito tempo pensado que as substâncias avermelhadas são geradas à medida que uma cor particular da luz ultravioleta do Sol, chamada de Lyman-alpha, atinge as moléculas de gás metano (CH4) presente na atmosfera de Plutão, gerando reações químicas que criam compostos complexos chamados de tolinas. As tolinas caem no solo para formar uma “lama” avermelhada. Medidas recentes feitas com o instrumento Alice a bordo da New Horizons revelaram que um brilho difuso da Lyman-alpha caindo em Plutão de todas as direções no espaço interplanetário é forte o suficiente para produzir quase tanta tolina quanto aquelas produzidas diretamente pelo Sol. “Isso significa que o processo de avermelhamento de Plutão ocorre mesmo no lado noturno onde não se tem a luz do Sol, e no inverno profundo, quando o Sol permanece abaixo do horizonte por décadas”, disse o co-pesquisador da New Horizons, Michael Summers, da Universidade George Mason, em Fairfax, na Virginia.

As tolinas tem sido encontradas em outros corpos do Sistema Solar externos, incluindo Titã e Tritão, as maiores luas de Saturno e Netuno, respectivamente, e também foi gerada em experimentos de laboratório que simulam as atmosferas desses corpos.

O primeiro mapa de Plutão feito pela missão numa cor aproximada da verdadeira – isso é, a cor que você veria se estivesse de carona na sonda New Horizons. Na esquerda, um mapa do hemisfério norte de Plutão composto, usando imagens em preto e branco de alta resolução do instrumento LORRI da New Horizons. Na direita está um mapa das cores de Plutão criado, usando dados obtidos pelo instrumento Ralph. No centro está o mapa combinado, produzido pela fusão dos dados do LORRI com os dados do Ralph.

“Agora, as únicas cores e características desses variados terrenos estão vindo à tona”, disse Simon Porter, um dos membros da equipe de geologia e geofísica da New Horizons. “A grande mancha escura em Plutão é claramente mais avermelhada do que o resto da superfície, enquanto que as áreas brilhantes parecem mais perto de uma cor cinza neutro”, adicionou Alex Parker, um membro da equipe de Composição da New Horizons.

Os cientistas esperam aprender mais sobre a causa da coloração avermelhada de Plutão à medida que a New Horizons se aproximar do planeta anão, até o dia de sua maior aproximação em 14 de Julho de 2015.

Mesmo apesar da New Horizons ainda estar a milhões de quilômetros de Plutão, suas imagens de alta resolução, estão revelando uma superfície impressionantemente complexa.

Essa imagem de Plutão e sua maior lua, Caronte, foi feita pelo LORRI em 1 de Julho de 2015, de uma distância de 16 milhões de quil6ometros, e mostra feições com escala de 160 quilômetros.

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Essa visão mostra o lado de Plutão que será observado em altíssima resolução pela sonda New Horizons quando ela voar sobre o planeta anão no dia 14 de Julho de 2015. Perto do equador, as regiões escuras com bordas nítidas são circundadas por terrenos mais brilhantes. Mais ao norte, as sombras são mais sutis, sugerindo uma superfície mais variada.

“Mesmo nessa resolução, Plutão parece diferente de qualquer mundo no nosso Sistema Solar”, disse Marc Buie, cientista da missão, do Southwest Research Institute em Boulder. “Nós já estamos vendo uma quantidade impressionante de detalhes, e a complexidade continua a aumentar à medida que as imagens se tornam melhores”.

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Fonte:

http://www.nasa.gov/nh/pluto-the-other-red-planet

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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