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O universo primordial tinha mais matéria escura do que hoje em dia

Por Yara Laiz Souza

Ao que tudo indica, o universo de hoje tem menos matéria escura do que em tempos passados. Esse resultado, fruto de uma pesquisa liderada por Dmitry Gorbunov, do Instituto de Física e Tecnologia de Moscovo, Igor Tkachev, do Departamento de Física Experimental do Instituto de Pesquisas Nucleares da Rússia e Anton Chudaykin, da Universidade Estadual de Novobirsk, é um passo interessante para o entendimento do universo pouco tempo depois do Big Bang.

A matéria escura é um tipo de matéria do universo que não se comporta como a matéria comum. Não podemos tocar, ver, medir e estudar mais a fundo. Parte de sua detecção e postulação ocorreu com a observação de galáxias e continua sendo um mistério até hoje. A sua interação com a matéria comum é através da gravidade, como se a matéria escura fornecesse a gravidade que a matéria comum precisa.

Há quem diga que a matéria escura tem uma ligação forte com os buracos negros primordiais (leia mais aqui: http://www.space.com/33122-dark-matter-black-hole-connection.html). Seja como for, os pesquisadores começaram a achar que a matéria escura se deteriora caso fosse instável a partir da decomposição de suas partículas (que não sabemos o que são) em partículas mais leves.

“Nós, pela primeira vez, fomos capazes de calcular a quantidade de matéria escura que pode ter sido perdida e qual seria o tamanho do componente instável”, explica Tkachev.  Os cálculos mostram que cerca de 5% da quantidade atual de matéria escura se perdeu desde o Big Bang.

Os pesquisadores, logo, acabam sugerindo que esta matéria tem propriedades e é constituído por algum tipo de partícula além de ter um comportamento bastante notável. Essa descoberta pode acabar mostrando, também, sobre a taxa de expansão do universo e o que aconteceu durante as primeiras centenas de milhares de anos após o Big Bang.

Comportamento diferente

Durante o estudo, os pesquisadores analisaram dados do telescópio espacial Planck que analisa a radiação de fundo em micro-ondas. O que foi descoberto é depois de 300.000 anos após o Big Bang o comportamento do universo era bastante diferente do de hoje. Esse comportamento levou os pesquisadores a ponderarem sobre dois modelos: um mostra que a matéria escura é estável e o outro que mostra que a quantidade total de matéria escura passou por mudanças.

Dos dois modelos, o último se saiu melhor abrindo a margem para a existência de dois tipos de matéria escura: uma que decai para partículas mais leves e outra que permanece estável ao longo dos bilhões de anos.

“Atualmente nós não estamos em condições de dizer o quão rapidamente esta matéria escura instável está se deteriorando. Inclusive, ela pode estar se desintegrando agora”, disse Tkachev.

Agora, nos resta saber qual a partícula da matéria escura e qual a sua versão mais leve. Aos poucos esse cenário estará sendo melhor aprimorado visto que novos estudos serão feitos. Veja o comunicado oficial: https://www.eurekalert.org/pub_releases/2016-12/miop-rpm122616.php

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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