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O Presente de Natal de Einstein – A Segunda Detecção de Ondas Gravitacionais – Space Today TV Ep.287

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O dia 14 de setembro de 2015 já tinha entrado para a história como o dia em que as primeiras ondas gravitacionais foram detectadas pelo experimento ligo. A detecção que foi anunciada alguns meses depois, no dia 11 de fevereiro de 2016.

Como eu falei no início dessa semana está acontecendo em San Diego, o 228º congresso da sociedade astronômica americana, onde grandes pesquisas e grandes descobertas estão sendo apresentadas, mas hoje, todas as expectativas foram superadas.

Acabou nesse instante a conferência de imprensa onde os pesquisadores do LIGO anunciaram que pela segunda vez, detectaram com sucesso as ondas gravitacionais geradas pela coalescência de dois buracos negros de massas estelares.

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A detecção aconteceu no dia 26 de Dezembro de 2015, às 00:38:53, hora de Brasília, ou seja, um verdadeiro presente de natal para os pesquisadores que trabalham com as ondas gravitacionais.

Dessa segunda vez, os pesquisadores detectaram ondas gravitacionais provenientes da fusão de um buraco negro com 8 massas solares e outro com 14 massas solares, que emitiu 1 massa solar em forma de ondas gravitacionais e gerou no final, provavelmente um buraco negro com 21 massas solares.

Esses buracos negros colidiram a cerca de 1.4 bilhões de anos-luz de distância da Terra.

Diferente da primeira detecção que gerou claramente um pico nos gráficos e nos registros das ondas, essa segunda detecção foi mais difícil de ser descobertas, pois as ondas gravitacionais estavam realmente escondidas nos dados.

Para isso, os pesquisadores usaram técnicas avançadas de análise de dados, basicamente um Matched Filter que procura o melhor ajuste entre os templates pré-estabelecidos que os pesquisadores possuem e os sinais detectados. Para entender melhor sobre o Matched filter, na descrição está o link para o artigo onde a metodologia é discutida de maneira mais aprofundada.

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Além disso, existe uma terceira detecção de ondas gravitacionais, que ainda não foi confirmada, pois a razão sinal/ruído é mais baixa ainda e para isso, os pesquisadores terão que analisar por mais tempo os dados. Provavelmente são ondas gravitacionais, mas enquanto essas novas análises não forem feitas, eles não podem cravar com 100% de certeza. Essa terceira detecção, que eles chamam de candidato, aconteceu em 12 de Outubro de 2015.

Uma pergunta que sempre fazem, é, onde estão esses buracos negros? Como eu já falei em outro vídeo aqui no canal, para definir o local exato é necessário realizar uma triangulação de detectores, como só dois são usados atualmente, o que se tem são as prováveis localizações desses eventos.

Mas os pesquisadores já simularam, e no caso do VIRGO, que é um experimento europeu, semelhante ao LIGO entrar em operação, a localização dos eventos melhora de forma considerável.

Todas essas detecções foram feitas no que os cientistas chamam de primeira rodada de observações do LIGO, que aconteceu de 12 de Setembro de 2015 até 19 de Janeiro de 2016.

O LIGO agora será melhorado mais ainda, e a segunda rodada de observações deve começar em Setembro de 2016 e durar por mais 6 meses. Segundo os pesquisadores, o LIGO foi melhorado em 15% a 25% sua sensibilidade de detecção das ondas gravitacionais.

A ideia no futuro é que essa rede detectores cresça ainda mais e assim os cientistas poderão detectar cada vez mais ondas gravitacionais.

Mais uma vez a ciência venceu, está de parabéns, Einstein estava certo novamente e fiquem com o som da vitória da ciência, um som breve, curto mas que carrega informações importantes sobre o nosso universo.

Fontes:

https://www.ligo.caltech.edu/news/ligo20160615

http://www.forbes.com/sites/startswithabang/2016/06/15/ligos-second-black-hole-merger-leaves-no-doubt-einstein-was-right/#c5beaa42095a

http://physicsworld.com/cws/article/news/2016/jun/15/ligo-detects-second-black-hole-merger

Link para o artigo:

http://pt.slideshare.net/sacani/gw151226-observation-ofgravitationalwavesfrom22solarmassbinaryblackholecoalescence

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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