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Nova Técnica Permite Que Astrônomos Encontrem Planetas Com Órbitas de 10 Anos Em Questão de Meses

Para descobrir e confirmar a presença de um planeta ao redor de outras estrelas, os astrônomos esperam até que esses exoplanetas completem 3 órbitas. Contudo, essa técnica bem efetiva tem um problema já que não pode ser usada para confirmar planetas com períodos muito longos, a técnica é ideal para confirmar a presença de planetas com períodos de dias ou poucos meses. Para tentar superar esse obstáculo, uma equipe de astrônomos sob a direção da Universidade de Genebra, a UNIGE, desenvolveu um método que faz possível garantir a presença de um planeta em poucos meses, mesmo se ele levar 10 anos para orbitar a sua estrela, esse novo método é descrito pela primeira vez numa edição do periódico Astronomy & Astrophysics.

O método do trânsito, consiste em detectar uma queda na luminosidade da estrela no momento em que o planeta passa na sua frente, e é uma técnica muito efetiva e já consagrada para encontrar exoplanetas. Com essa técnica é possível estimar o raio do planeta, a inclinação da sua órbita, além do fato dela poder ser aplicada a um grande número de estrelas ao mesmo tempo. Contudo ela tem uma grande limitação: como é necessário esperar no mínimo 3 passagens em frente da estrela para confirmar a existência de um planeta, ela só é válida para detectar planetas com períodos orbitais curtos, normalmente de dias ou meses. Nós precisaríamos de esperar no mínimo 30 anos, para detectar um planeta similar a Júpiter que leva 11 anos para dar uma volta ao redor do Sol.

Para superar isso, um grupo de astrônomos liderados pela pesquisadora Helen Giles, do Departamento de Astronomia na Faculdade de Ciência da UNIGE e membro do NCCR Planeta, desenvolveu um método original. Analisando os dados da missão K2, uma estrela mostrou um decaimento de luminosidade temporário com uma longa duração, a assinatura de um possível trânsito, em outras palavras, a passagem do planeta na frente da estrela. “Nós analisamos centenas de curvas de luz”, explicou a astrônoma, para encontrar uma onde o trânsito fosse inequívoco.

Helen Giles então consultou um dado recente da missão Gaia para determinar o diâmetro da estrela referenciada como EPIC248847494 e a sua distância, 1500 anos-luz da Terra. Com esse conhecimento, e com o fato do trânsito durar 53 horas, ela descobriu que o planeta estava localizado a uma distância equivalente a 4.5 vezes a distância do Sol até a Terra, e que consequentemente levaria 10 anos para orbitar a estrela. Uma questão que precisava ser respondida é se o objeto era mesmo um planeta, ou algum tipo de companheira estelar da estrela estudada. Para isso era necessário calcular a massa do objeto. O Telescópio Euler da UNIGE no Chile, foi usado para medir a velocidade radial da estrela, e assim foi possível deduzir a massa do planeta, cerca de 13 vezes a massa de Júpiter, bem abaixo do mínimo para ser uma estrela que é de 80 vezes a massa de Júpiter.

“Essa técnica poderia ser usada para caçar planetas habitáveis, parecidos com a Terra ao redor de estrelas parecidas com o Sol”, disse Helen Giles. “Nós já encontramos Terras ao redor de anãs vermelhas, estrelas que possuem uma radiação que poderia ter sérias consequências para vida”. Com o seu método não será necessário esperar muitos anos para saber se o trânsito detectado é de um planeta ou de alguma outra companheira da estrela. “No futuro, nós poderemos ver se o planeta tem satélites como Júpiter”, concluiu Helen.

Fonte:

[http://www.spacenewsfeed.com/index.php/news/1640-finding-a-planet-with-a-10-years-orbit-in-a-few-months]

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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