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Especial: Busca Pela Vida Nos Mundos Congelados Oceânicos – Space Today TV Ep.1059

Para começar esse vídeo, um disclaimer, vamos falar de vida aqui, mas de vida como a conhecemos, ou seja, a vida que precisa, basicamente da água para existir.

Vamos adotar o ditado, se tem água tem vida.

eu sei que podem existir outros tipos de vida baseadas em outros elementos e em outras bases, mas para esse vídeo específico, a vida, que iremos falar precisa da água.

Durante muitas décadas, o planeta Marte foi tido como o melhor lugar no Sistema Solar para se procurar pela vida.

Desde o início de suas observações, quando, com os primeiros telescópios os observadores enxergavam ali canais, se teve a ideia de que Marte pudesse ter vida.

De fato, no passado distante, MArte já foi um mundo mais quente, com água em abundância na sua superfície.

Existem muitas evidências encontradas pelos rovers, Spirit, Opportunity e Curiosity de que Marte teve muita água.

Porém, depois de perder sua atmosfera a água não conseguia mais ficar em equilíbrio na sua superfície e foi perdida também.

Marte então se tornou um mundo gelado, árido e nada amigável para a vida.

Será que ela pode existir, até pode, enterrada na subsuperfície marciana e em depósitos de sais, onde a água e nutrientes podem manter, mas até agora nenhuma evidência para a vida foi encontrada em Marte e dificilmente será.

Marte sendo eliminado da nossa busca por vida, será que existem outros mundos, no nosso Sistema Solar onde a vida poderia existir?

Se lembrarmos do disclaimer, onde tem água tem vida, hoje sabemos sim de pelos menos dois mundos onde a vida poderia existir.

São os satélites naturais congelados, Europa de Júpiter e Encélado de Saturno.

A exploração de Europa começou no distante 1973 quando a sonda Pioneer passou por lá, mas as imagens eram muito rudimentares e nenhum detalhe de sua superfície foi detectado.

Anos mais tarde com as sondas Voyagers, Europa pôde ser estudado em detalhe.

A voyager 1 passou um pouco longe do satélite congelado.

Mas quando a sonda Voyager 2 se aproximou de Europa e fez imagens detalhadas do satélite, ela nos mostrou um mundo, congelado, uma superfície toda marcada com estrias e listras, mas não observaram crateras, comuns de serem observadas nesse mundo.

Algo estaria então renovando a superfície de Europa, e os pesquisadores então começaram a modelar um oceano no interior do satélite, que pode através das grande fraturas chegar à superfície e renovar a crosta de Europa.

Será que realmente existe um oceano em Europa, e se existir, será que ele contém vida?

A resposta veio depois de estudar um outro mundo congelado e oceânico, Encélado, o satélite de Saturno.

A sonda Cassini registrou os magníficos gêiseres de vapor de água sendo expelidos pelas fraturas no polo sul do satélite.

Depois a sonda passou no meio desses gêiseres e registrou a presença de gás hidrogênio que é muito importante na Terra.

Até recentemente os pesquisadores desenvolveram um modelo para que Encélado mantenha um oceano líquido abaixo de sua crosta congelada.

E com esses estudos, os pesquisadores também descobriram gêiseres mais discretos em Europa, identificando assim um padrão.

Os mundos congelados e oceânicos, possuem uma crosta protegendo o seu oceano de água líquida, e essa água consegue escapar por meio de fraturas que ligam a superfície até o oceano.

Além disso, a espessa crosta congelada desses mundos, protege o oceano, da radiação solar e dos campos magnéticos mortais de seus planetas, é como se fosse uma atmosfera, mas muito mais densa.

Devido a todas essas características, ter água em estado líquido, ter uma fonte de energia na base do oceano e ter o calor da interação gravitacional com seus planetas, além é lógico de ter uma crosta de gelo protegendo tudo isso.

Os pesquisadores acreditam que esses seriam os locais mais prováveis para se procurar vida, óbvio que não seria um tipo de vida evoluída, seria uma vida primitiva, talvez unicelular, mas a vida ali seria muito mais provável do que em mundos terrestres.

Os pesquisadores estimam que exista 1000 mundos congelados oceânicos para cada planeta terrestre no universo, o que faria com que a vida realmente fosse algo muito comum.

A melhor maneira de saber melhor sobre isso é indo lá e investigando, por isso em meados da década de 2020, a NASA irá enviar para a Europa a missão Europa Clipper.

A sonda está planejada para fazer 45 sobrevoos por Europa, passando bem perto do satélite e registrando imagens detalhadas da sua superfície.

Além disso irá usar uma suite de instrumentos científicos para pesquisar a subsueprficie de Europa, penetrando a crosta de gelo e tentando descobrir os detalhes sobre o oceano líquido de Europa.

Os mundos congelados oceânicos podem ser mesmo um oasis para a vida no universo.

Um grupo de pesquisadores fez um estudo interessante.

Se a Terra fosse abandonada no espaço profundo, o seu oceano congelaria até a uma profundidade de 4.4 quil6ometros.

Mas abaixo disso, como nas Fossas das Marianas, a vida poderia continuar existindo.

Se a Terra fosse capturada por uma outra estrela e esquentasse novamente, a vida poderia até voltar ao normal.

Com todos esses estudos, a busca por vida no Sistema Solar e no universo sofreu uma grande reviravolta, o foco agora está nos mundos congelados oceânicos.

Só no Sistema Solar, os pesquisadores acreditam que Plutão, Eris, Sedna e muitos outros objetos podem possuir um oceano protegido por uma crosta de gelo onde a vida pode estar se desenvolvendo.

Os mundos congelados e oceânicos são a nova fronteira pela busca de vida no universo.

Será que um dia encontraremos algum tipo de vida, mesmo simples, nesses mundos, o que vocês acham? Deixem aí nos comentários.

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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