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Dados Da Sonda MESSENGER Revelam O Campo Magnético Crustal de Mercúrio

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Mercúrio possuiu um campo magnético por bilhões de anos, e esse campo pode ter sido até mais forte do que o campo magnético da Terra, dizem os pesquisadores.

A descoberta, feita estudando os dados da sonda MESSENGER da NASA, ajuda a definir os cenários sobre como Mercúrio se desenvolveu com o tempo, adicionam os cientistas.

Mercúrio é o menor e mais interno planeta do Sistema Solar. Ele foi considerado um mundo misterioso por anos. Até que a sonda MESSENGER se tornou a primeira sonda a orbitar o planeta em 2011. A única sonda que havia visitado Mercúrio, tinha sido a sonda Mariner 10, quatro décadas atrás. A sonda MESSENGER encerrou sua missão no dia 30 de Abril de 2015, se chocando com a superfície de Mercúrio.

A sonda Mariner 10 tinha revelado que Mercúrio possuiu um campo magnético, similar ao da Terra, e cerca de 100 vezes mais fraco. O movimento do metal líquido nas profundezas do núcleo de Mercúrio gera o campo magnético do planeta, da mesma forma que acontece na Terra. Mercúrio é o único planeta rochoso além da Terra no Sistema Solar com esse campo magnético.

“Isso significa que o núcleo de Mercúrio tinha que ser no mínimo parcialmente líquido”, disse a líder do estudo Catherine Johnson, uma geofísica planetária na Universidade de British Columbia, em Vancouver. “Essa foi uma surpresa no começo, pois Mercúrio é muito pequeno, então você espera que ele tenha esfriado rapidamente depois de ter se formado e assim ser completamente sólido. Os cientistas mais tarde perceberam que se tivesse uma pequena quantidade de material não metálico no núcleo de Mercúrio, isso reduziria seu ponto de congelamento e faria com que fosse difícil que ele fosse completamente sólido”.

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As novas descobertas relacionadas ao magnetismo de Mercúrio vieram com a sonda MESSENGER. Lançada em 2004, a MESSENGER esteve no espaço por mais de uma década e orbitou Mercúrio por quatro anos, obtendo uma grande quantidade de dados sobre esse mundo enigmático. Uma vez que a sonda MESSENGER esgotou seu combustível, ela se chocou com Mercúrio, produzindo, provavelmente uma cratera de 16 metros.

“A missão foi originalmente planejada para durar um ano. Ninguém esperava que ela duraria quatro anos”, disse Johnson.

Os pesquisadores analisaram os dados magnéticos coletados pela sonda MESSENGER no outono de 2014 e 2015, quando a sonda voou incrivelmente perto da superfície do planeta em altitudes mais baixas que 15 quilômetros. Em contraste, os voos mais baixos da sonda MESSENGER nos anos anteriores foram a cerca de 200 a 400 quilômetros acima da superfície do planeta.

“Os sinais que nós detectamos são realmente pequenos, e muito, muito difíceis de serem medidos. Nós nunca tínhamos sido capazes de medí-los se nós realmente não tivéssemos corrido o risco do voo a baixa altitude nos últimos meses da missão MESSENGER”, disse Jonhson.

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Os cientistas detectaram rochas magnetizadas numa parte da crosta de Mercúrio que, devido à presença de muitas crateras de impactos cósmicos parecem bem antigas. Os pesquisadores sugerem que as rochas foram magnetizadas pelo campo magnético do planeta, e com base na idade e na quantidade de rochas magnetizadas, bem como na intensidade que elas foram magnetizadas, os pesquisadores deduziram que o campo magnético persistiu por 3.8 bilhões de anos.

“A intensidade do campo magnético de Mercúrio pode ter variado da intensidade atual para algo até 100 vezes mais forte, comparável à intensidade do campo magnético da Terra, na superfície do nosso planeta hoje”, disse Johnson.

As descobertas, sugerem que o campo magnético de Mercúrio se desenvolveu por muito tempo. Essa conclusão ajuda na definição da composição e da estrutura do planeta e como ele pode ter se resfriado e se desenvolvido ao longo do tempo.

“Ser capaz de apontar por quanto tempo Mercúrio teve um campo magnético nos ajuda a estreitar a definição dos cenários sobre a história do início de vida de Mercúrio e como ele mudou com o tempo”, disse Johnson. “Isso, por sua vez, nos ajuda a entender mais sobre a evolução planetária em geral”.

Os cientistas detalharam suas descobertas na edição online da revista Science do dia 7 de Maio de 2015.

Fonte:

http://www.space.com/29340-mercury-ancient-magnetic-field.html

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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