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Astrônomos Descobrem A Primeira Anã Branca Poluída No DR2 da Gaia Indicando O Destino de Um Sistema Planetário

Astrônomos identificaram a primeira estrela do tipo anã branca poluída com metal na segunda base de dados lançada pela missão Gaia, a chamada Data Release 2, ou DR2. A estrela recém-descoberta recebeu a designação de GaiaJ1738-0826.

O DR2 publicado no dia 25 de Abril de 2018, fornece medidas de alta precisão, incluindo a posição no céu, paralaxe e movimento próprio de mais de 1 bilhão de estrelas na nossa galáxia. Os dados possuem dados observacionais coletados pela Gaia no período de aproximadamente 2 anos, entre 25 de Julho de 2014 e 23 de Maio de 2016.

Agora, uma equipe de astrônomos, liderada por Carl Melis, da Universidade da Califórnia em San Diego, conduziu observações espectroscópicas de uma anã branca listada no DR2. A equipe usou o espectrógrafo KAST montado no telescópio Shane de 3 metros no Observatório Link, na Califórnia para caracterizar a anã branca. Eles descobriram que essa estrela exibe uma forte linha de absorção de cálcio ionizado.

As observações realizadas pela equipe de Melis, indica que a GaiaJ1738-0826 é uma estrela anã branca, poluída com metal com um rio de 0.012 vezes o raio solar, e uma massa de 0.6 vezes a massa do Sol. A sua temperatura efetiva é de 7050 K, a sua luminosidade é de 3.3% da luminosidade do Sol e estima-se um tempo de resfriamento de 1.7 bilhão de anos.

Além disso, os pesquisadores calcularam que a GaiaJ1738-0826 tem uma taxa de acreção de massa de cálcio contínua de aproximadamente 2600 kg por segundo. Esse valor indica que a GaiaJ1738-0826 pode ganhar 160000 kg a cada segundo, assumindo que o cálcio representa 1.6% da taxa total de acreção de elementos pesados nessa anã branca.

Os autores notaram que essa taxa de acreção no nível de 1600000 kg por segundo, poderia indicar a presença de um disco de acreção circunestelar ao redor da GaiaJ1738-0826. Contudo, dados de arquivo do VISTA Hemisphere Survey e do telescópio espacial Spitzer da NASA, não confirmam essa informação.

De acordo com o artigo onde a descoberta foi publicada, a GaiaJ1738-0826 se assemelha à primeira anã branca confirmada do tipo DAZ, ou seja, que mostra feições de absorção de elementos mais pesados, conhecida como G74-7. Essa anã branca DAZ é similar em tamanho, massa, luminosidade, temperatura efetiva e tempo de resfriamento com a Gaia J1738-0826. Sua taxa de acreção de cálcio também apresenta um nível parecido de 1500 kg por segundo.

“Notavelmente, a GaiaJ1738-0826 se assemelha de muitas maneiras com a primeira anã branca com atmosfera de hidrogênio poluída de metal, a DAZ G74-7”, escreveram os autores.

Os pesquisadores concluíram que anãs brancas poluídas como a GaiaJ1738-0826 oferece uma pista sobre o destino de sistemas planetários e um método sem precedentes de se determinar a composição do material sólido em sistemas planetários. Além disso, essas estrelas foram recentemente descobertas como sendo muito úteis em fornecer informações estruturais para corpos rochosos massivos, diferenciados.

Fonte:

[https://phys.org/news/2018-07-polluted-white-dwarf-gaia-dr2.html]

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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