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Análise Química do Cometa C/2016 R2 Revela Surpresas Na Sua Composição

O Cometa C/2016 R2 (Pan-STARRS) é um cometa que possui abundância de monóxido de carbono e falta de cianeto de hidrogênio, de acordo com um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida, a USF, em Tampa, na Flórida.

Descoberto em 7 de Setembro de 2016, o C/’2016 R2 (Pan-STARRS) é um cometa da Nuvem de Oort que orbita o Sol a uma distância de 740 UA, e leva aproximadamente 20 mil anos para dar uma volta ao redor do Sol na sua órbita altamente excêntrica. O cometa é conhecido por ter uma coma com coloração azul profunda e uma complexa cauda de íon.

A Nuvem de Oort é percebida pelos astrônomos como uma reserva de núcleos cometários que possuem gelos que datam do início do Sistema Solar. Estudar cometas como o C/2016 R2 poderia fornecer pistas importantes sobre a origem e a formação dos planetas e outros objetos que orbitam o Sol.

O C/2016 R2 foi recentemente observado por Kacper Wierzchos e Maria Womack da USF. A partir das observações conduzidas em Dezembro de 2017 e Janeiro de 2018, os astrônomos empregaram o Submillimeter Telescope de 10 metros no Rádio Observatório do Arizona. A campanha observacional foi focada na pesquisa por emissões de monóxido de carbono e cianeto de hidrogênio, no cometa.

“Nós usamos o Submillimeter Telescope de 10 m do Rádio Observatório do Arizona para pesquisar por emissões de CO J=2-1 em 250.53799 GHz e HCN J=3-2 em 265.88643 GHz no cometa C/2016 R2 durante Dezembro de 2017 e Janeiro de 2018 quando as distâncias heliocêntricas e geocêntricas eram de respectivamente 2.9 e 2.1 UA”.

Como um resultado das observações, os pesquisadores detectaram emissões neutras de monóxido de carbono nesse cometa pela primeira vez. Eles descobriram que a taxa de produção de CO é muito alta se comparada com outros cometas. O C/2016 R2 é descrito por Wiezchos e Womack como um cometa rico em CO onde a emissão de monóxido de carbono é assumida como o a principal causadora da atividade do cometa.

Contudo, os pesquisadores descobriram que a taxa de produção de cianeto de hidrogênio é muito baixa, cerca de 100 vezes menor do que aquela observada no C/1995 O1 Hale-Bopp, na mesma distância. Os pesquisadores notaram que a razão da taxa de produção de CO/HCN acima de 5000 indica uma composição química incomum do C/2016 R2 que é difícil de entender em termos de composições típicas dos cometas.

Para entender melhor as peculiaridades do C/2016 R2, os astrônomos mediram a taxa de produção de nitrogênio molecular, N2. Eles descobriram que esse cometa também é rico em N2, e não mostra uma depleção de N2 típica vista em outros cometas.

De acordo com os autores da pesquisa, os valores calculados destacam o C/2016 R2. “A composição da coma do R2 é claramente bem diferente de outros cometas observados, tanto na alta abundância de N2, e na significante diminuição de outras moléculas normalmente abundantes como o HCN”, concluíram os pesquisadores.

Fonte:

https://phys.org/news/2018-05-comet-c2016-r2-pan-starrs-rich.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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