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A Pluma Tóxica de Dióxido de Enxofre Gerada Pela Recente Erupção do Kilauea

O Vulcão Kilauea está em erupção de forma contínua desde 1983, mas no final de Abril de 2018, a erupção vulcânica se tornou mais perigosa.

Durante a última semana de Abril de 2018, o lago de lava na cratera Halema`uma`u Overlook, transbordou algumas vezes e então começou a drenar rapidamente depois que o assoalho da cratera parcialmente se colapsou. Logo após isso, um conjunto de terremotos se espalhou pela chamada East Rift Zone do Kilauea, à medida que o magma se movimentava em subsuperfície. No dia 3 de Maio de 2018 algumas novas fraturas se abriram na superfície na subdivisão Leilani Estates, vazando gás e expelindo chafarizes de lava. No dia 7 de Maio de 2018, a lava fluindo lentamente consumiu 35 casas na comunidade com cerca de 1500 pessoas.

Em adição à atividade sísmica e à deformação da superfície, outro sinal de da atividade vulcânica é o aumento da emissão de dióxido de enxofre, SO2, um gás tóxico que ocorre naturalmente no magma. Quando o magma está nas profundezas da Terra, o gás permanece dissolvido graças às altas pressões. Contudo, quando a pressão diminui, à medida que o magma sobe em direção à superfície, o gás sai da solução formando bolhas no magma líquido.

“O processo é similar ao que acontece quando se abre uma garrafa de refrigerante”, explicou Ashley Davies, vulcanologista no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. “As bolhas de dióxido de enxofre e outros voláteis, incluindo água e dióxido de carbono, começam a subir pelo magma líquido e se concentrar no magma mais perto da superfície, assim, a primeira lava expelida pelo vulcão numa situação como essa é rica em voláteis. Normalmente acontece um aumento no dióxido de enxofre um pouco antes da lava atingir a superfície, à medida que o gás escapa do magma enquanto ele sobe até a superfície”.

Sensores que viajam a bordo do Ozone Mapping Profiler Suite, ou OMPS no satélite Suomi NPP, começaram a detectar sinais de atividade no Kilauea. A série de imagens feitas e mostrada na imagem principal desse post, apresenta a elevada concentração de dióxido de enxofre no dia 5 de Maio de 108, poucos dias depois de novas fraturas se abrirem. O segundo gráfico, abaixo, mostra a variabilidade natural  nas emissões de dióxido de enxofre, como observada pelo OMPS sobre o Havaí entre os meses de Janeiro e Maio de 2018.

Interpretar os dados de SO2 do satélite para eventos como esse é complicado, pois existem inúmeras fontes de SO2 que se combinam para formar a pluma de dióxido de enxofre da pluma vulcânica. O vulcão Kilauea possui várias fontes de desgaseificação de dióxido de enxofre: a caldeira do cume (que foi uma fonte significante em 2008), a abertura de Pu’u ‘O’o na East Rift Zone, e agora uma nova erupção em Leilani Estates, disse Simon Carn vulcanologista em Michigan Tech. “Pode ser muito complicado distinguir plumas individuais desas fontes de dióxido de enxofre, com a resolução espacial que nós temos com o OMPS, mas o que estamos vendo é que parece como se tivesse tendo um aumento geral  que coincide com a atividade mais recente”.

Outro sensor baseado num satélite, o ASTER, que fica a bordo do satélite Terra da NASA, observou as emissões de SO2 em 6 de maio de 2018, e a maior fonte da fumaça, carregada de SO2, parece ter vindo da cratera no cume mas existia também uma pluma de tamanho considerável viajando de sudoeste, a partir das fissuras em Leilani Estates. Os ventos até o momento empurraram o gás tóxico para a costa, mas Hilo e outras comunidades a noroeste de Leilani Estates poderão ver a qualidade do ar deteriorar se os ventos alísios enfraquecerem.

Fonte:

https://earthobservatory.nasa.gov/IOTD/view.php?id=92117

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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